18 de agosto de 2008

AMAMENTAÇÃO

Apoio, incentivo e proteção é o lema

Para o coordenador do banco de leite de Cuiabá falta incentivo e apoio por parte do Ministério e Secretarias de Saúde

VIVIANE PETROLI
Especial para o Jornal Circuito Mato Grosso

Entre os dias 01 e 07 de agosto, realizou-se a Semana Mundial do Aleitamento Materno. É uma comemoração organizada pela Aliança Mundial para Ações do Aleitamento Materno (WAPA). Incentivar, apoiar e proteger o aleitamento materno são as prerrogativas do evento. De acordo com o coordenador do banco de leite dos Hospitais Universitários Júlio Muller e Geral, Roberto Vinagre, a parte do incentivo à amamentação materna qualquer um pode fazer, através de panfletos, folders, campanhas, camisetas, etc. O apoio é através dos profissionais de saúde que ensinam às mães quanto ao posicionamento correto para amamentar, como a boca do bebê deve estar posicionada ao mamilo, os cuidados que as mães devem ter com os mamilos e outros tipos de apoio. “O ser humano é diferente dos outros mamíferos. As mães, por instinto já dão mamadeira e chupetas aos bebês, coisa que não se deve”, diz Roberto. Ele ainda diz que entre 48% e 52% das crianças abaixo de um ano, já utilizam a chupeta e a mamadeira, diminuindo assim a amamentação no peito.


Com relação à proteção, Roberto conta que é o não fazer propaganda de mamadeiras, chupetas, leite em pó e de caixinha, ou seja, proibir o marketing. “Tem mães que chegam a dizer que o leite em pó não é leite de vaca, mas na verdade é”, comenta Roberto. O coordenador ainda comenta que existem profissionais da saúde que não estão preparados para orientar as mães.

Licença maternidade
Recentemente, a licença maternidade passou de quatro para seis meses que é o básico para um bebê se alimentar, exclusivamente, no peito. Somente após este período é que se deve dar chás com colher e papinhas de frutas, além de continuar a amamentar no peito, evitando assim que os bebês venham a desenvolver alguma doença. Além disso, a amamentação materna ajuda a diminuir as chances de a mãe vir a desenvolver um câncer de mama ou de ovário. “Após os seis meses de licença maternidade as mães podem estar congelando o leite materno e quando for dar à criança, basta aquecer em banho-maria e oferecer ao bebê aos poucos com uma colher ou xícara, evitando mamadeiras”, aconselha Roberto. Segundo o coordenador do banco de leite, cerca de 40% do salário das mulheres que já são mães, principalmente aquelas que desmamam cedo os bebês, é destinado a comprar leite, bancar remédios e médico, pois com o desmame cedo o risco de doenças aumentam.

Falta de incentivo e apoio
Para Roberto, falta incentivo e apoio do Ministério e das Secretarias de Saúde Estaduais e Municipais para estar ajudando na questão do aleitamento materno. “Deveriam fazer algo como a Lei Seca, pois até a agressão masculina contra a mulher diminuiu”, conta Roberto.

Conforme Roberto, mesmo depois de ter aumentado o tempo de licença maternidade ainda existe o preconceito e muitas pessoas como chefes e os homens não acham correta esta licença.
Banco de leite

Diarréia e pneumonia eram as doenças que mais matavam bebês por causa da falta de saneamento básico e também por conta do desmame cedo. Roberto conta que Mato Grosso, Amapá e Rondônia são os únicos Estados que, até o momento, não possuem o Hospital da Criança, onde se adota os 10 passos da amamentação.

Conforme o Portal da Saúde do Governo Federal, os 10 passos para o sucesso do aleitamento materno são:
1) ter uma norma escrita sobre o aleitamento materno, que deve ser rotineiramente transmitida à toda equipe de cuidados de saúde;
2) treinar toda a equipe de cuidados de saúde, capacitando-a para implementar essa norma;
3) informar todas as gestantes sobre as vantagens e o manejo do aleitamento;
4) ajudar as mães a iniciar a amamentação na primeira meia hora após o parto;
5) mostrar às mães como amamentar e como manter a lactação, mesmo se vierem a ser separadas de seus filhos;
6) não dar aos recém-nascidos nenhum outro alimento ou bebida, além do leite materno, a não ser que seja indicado pelo médico;
7) praticar o alojamento conjunto - permitir que as mães e bebês permaneçam juntos 24 horas/dia;
8) encorajar o aleitamento sob livre demanda;
9) não dar bicos artificiais ou chupetas às crianças amamentadas ao seio;
10) encorajar a formação de grupos de apoio à amamentação para onde as mães devem ser encaminhadas logo após a alta do hospital ou ambulatório.

“O banco de leite tem a mesma função da semana de aleitamento materno, além de armazenar o leite doado. Primeiro faz-se uma avaliação da doadora para ver se não possui nenhum tipo de doença, retira-se o leite, faz-se a pasteurização deste, congela-se e depois se passa para o uso dos bebês prematuros recém-nascidos. O leite materno para os bebês prematuros serve como remédio”, diz Roberto. O coordenador desse evento de incentivo, ainda diz que em Mato Grosso não há transporte para coleta e distribuição do leite materno doado. “O banco de leite do Pronto Socorro não funciona mais, somente para a coleta é que está funcionando, mas as doadoras têm de ir até lá. O Hospital Geral Universitário e o Júlio Muller vão até a mãe para o recolhimento do leite. O município e o Estado, que não participaram da semana do aleitamento materno, deveriam incentivar mais. Para mim a semana do aleitamento foi boa. Ouve uma boa divulgação através da mídia, principalmente a televisão. Todas veem nos ajudando. Queria que fosse assim o ano todo”, diz.

Nenhum comentário: