20 de fevereiro de 2009

AIDS

Cresce incidência de casos entre idosos

Entre 1985 e junho de 2008 foram registrados, em Cuiabá, 2.630 casos de AIDS. Por Viviane Petroli para o Jornal Circuito Mato Grosso

Conforme dados do Data SUS, do Ministério da Saúde, consolidados em junho de 2008 - entre 1985, quando surgiu o primeiro caso e junho de 2008 - foram registrados 2.630 casos de AIDS em Cuiabá.

Somente de janeiro a junho de 2008 foram registrados na rede pública de Cuiabá 13 novos casos de pessoas infectadas pelo vírus do HIV.

Durante esses anos, o sexo masculino lidera em notificações de casos, mas o que se pode perceber, de acordo com o Data SUS, é que a diferença de casos de AIDS entre homens e mulheres é cada vez menor. Em 23 anos foram registrados 1.682 casos em homens e 946 casos em mulheres.

Em relação à diferença entre as faixas etárias, independente do sexo, os números não são diferentes. De 1985 a junho de 2008 foram registrados, na faixa etária de 20-29 anos, 764 casos e de 30-39 anos, 937 casos de AIDS em Cuiabá. Entre 40-49 anos foram registrados 524 casos, 50-59 anos 178 casos, 60-69 anos 48 casos, 70-79 anos 17 casos e 80 anos ou mais foram registrados três casos de AIDS na capital mato-grossense.

Segundo a gerente do Serviço de Atendimento Especializado (SAE), localizado no Bairro Grande Terceiro, Márcia Quatti, a AIDS leva cerca de 10 anos para se manifestar e, em idosos, o tempo de manifestação é mais rápido, devido à resistência do corpo ser menor. “Estes casos que vemos de pessoas com 80 anos ou mais com AIDS é recente e o fato de estar se manifestando agora é porque a pessoa contraiu o vírus há menos de 10 anos. É visível o crescimento da doença entre os idosos, assim como em adolescentes, pois já atendemos adolescentes com 15 anos que possuem o vírus. Alguns já nascem com HIV e outros acabam contraindo”, diz Márcia.

Hoje, somente no SAE, no Bairro Grande Terceiro, estão cadastradas 1.140 portadores do vírus do HIV e por mês, nos últimos meses, cerca de 19 novos casos chegam ao local. “Em 16 de janeiro de 2008 tínhamos 910 casos registrados aqui, sendo atendidos e agora dia 26 de janeiro realizamos um novo balanço e vimos que tempos 1.140 pessoas sendo atendidas”, comenta Márcia.

Márcia ainda comenta que o número de pessoas cadastradas no SAE poderia ser maior, não fosse o fato de algumas pessoas preferirem procurar a rede particular para realizar a comprovação de possuir a doença. “Como na rede particular não há os medicamentos e sim na pública, essas pessoas nos procuram pra pegar os medicamentos, mas para consultas não nos procuram”, diz.

Encaminhamentos
Segundo Márcia, é muito raro ver uma pessoa chegar no SAE por livre e espontânea vontade, em busca de exames para saber se é portadora do vírus da AIDS ou não. Ela diz que a maioria das pessoas que lá estão é porque foram encaminhadas por policlínicas e locais que atendem a rede SUS, tanto de Cuiabá quanto de outros municípios.

“Quando a pessoa chega no SAE, ela passa pelos nossos técnicos que são enfermeiros, psicólogos, nutricionistas, pediatras entre outros, que solicitam os exames para que, no momento em que for passar pelos nossos médicos, a consulta já está marcada e os exames estão em suas mãos para assim, já começar de imediato o tratamento, conforme os resultados. Além dos exames laboratoriais normais fazemos também os exames CD4 e o exame de carga viral para saber a quantidade de vírus que circula no organismo da pessoa”, explica Márcia.

Márcia conta ainda que o SAE, além dos exames médicos e consultas, oferece à população, todo o medicamento necessário, bem como tratamento odontológico e leite em pó para crianças de 0 a 4 anos. Segundo Soraia Maciel, coordenadora de Educação em Saúde da Secretaria Municipal de Saúde de Cuiabá (SMS), a mãe soro positivo não pode amamentar, pois mesmo que no parto não tenha transmitido o vírus do HIV, durante a amamentação pode. “O SAE tem esse programa de doação de leite em pó, onde estão cadastradas 48 crianças. Além desta distribuição de leite em pó, há também um trabalho nutricional com estas crianças e também com os adultos”, comenta Soraia.

Quando o assunto é a transferência do paciente para outro município ou outro local de atendimento, ou até mesmo quando o paciente vem do interior em busca de diagnóstico, o SAE encaminha para o médico que passará a atender o portador, todos os dados e o tratamento que a pessoa vem realizando.

Educação e campanhas
“Bloco da Mulher Madura” este é o tema da campanha do Carnaval 2009 do Ministério da Saúde. A campanha tem este tema, pois quer atingir a população feminina com mais de 50 anos, em respostas à tendência do crescimento da doença entre mulheres. A escolha da campanha ser voltada para esta faixa etária, se deve ao fato também, de que a mulher nesta idade possui pouco poder de decisão no relacionamento.

“A mulher deve entrar em negociação com o parceiro. Ela deve exigir a proteção. Em 1985 a probabilidade era de 14 homens infectados e uma mulher. Hoje essa probabilidade está dois homens infectados e uma mulher infectada”, conta Soraia.

Na oportunidade da campanha do Carnaval 2009 e também das festividades, a Secretaria Municipal de Saúde de Cuiabá estará aproveitando para intensificar as atividades de educação nas ruas, escolas e centro de convivências. “Faremos distribuição de preservativos nas escolas, onde ocorrerão os bailes de carnaval, nas ruas tanto para prevenir quanto para educar. Em Cuiabá possuímos três centros de convivência para idosos acima dos 50 anos e vamos aproveitar que eles terão seus bailes para estar realizando palestras”, completa Soraia.

Conforme Márcia, gerente do SAE, hoje em dia se fala muito em AIDS, mas as pessoas continuam ainda não tendo consciência do que ela causa. “As pessoas pensam que aquelas pessoas feias, magras e que se encontram em estado acabado é que possuem AIDS, mas não é verdade. Nós atendemos mulheres e homens aqui que são bonitos e com aparência de saudável que possuem AIDS e ninguém acredita”, comenta Márcia.

6 de fevereiro de 2009

CARNAVAL 2009

Público esperado é de 20 mil por dia

Organizadores do Carnaval 2009 de Cuiabá já se encontram ‘a todo vapor’ para festividade. Por Viviane Petroli para o Jornal Circuito Mato Grosso. Foto: Secom Cuiabá

Após as festas de final de ano, a primeira e a mais esperada festa do ano é o Carnaval. Plumas, paetês, lantejoulas, purpurina, tecidos coloridos, samba no pé e muita música alegre são uma das características desta festa, tipicamente brasileira, que nenhum outro país consegue copiar.

Cada região brasileira possui o seu tipo de Carnaval. Na Bahia, por exemplo, o Carnaval se dá atrás do Trio-Elétrico; em Pernambuco, a predominância é o frevo; no Amazonas, a Festa do Boi Bumba com os bois Garantido e Caprichoso; São Paulo e Rio de Janeiro, desfiles de Escolas de Samba e, em Cuiabá, a festa não poderia ser diferente. Apesar da cidade não possuir um sambódromo, a festa é mesmo na rua, no bairro do Porto, regada a muita música, desfile das Escolas de Samba/Blocos da Cidade.

Conforme a Conselheira Estadual de Cultura, no Segmento Cultura Popular, Eliane Fátima da Conceição, o Carnaval de Cuiabá ocorrerá entre os dias 20 e 24 de fevereiro, com desfiles no domingo, segunda e terça-feira e com escolha da Rainha no dia 14 de fevereiro, no Circulo Militar. “O Baile da Cidade ocorrerá, provavelmente, no dia 20 de fevereiro; ainda não temos a data e o local certo, pois estamos debatendo alguns assuntos como este, em reuniões com o secretário municipal de cultura, Mario Olimpio e também com a Ablocc e representantes das escolas”, conta Eliane.

Eliane ainda conta que estão sendo esperadas cerca de 20 mil pessoas por dia e o que mudou nos últimos anos no Carnaval de Cuiabá é a presença das famílias que estão crescendo. “Além dos desfiles dos blocos carnavalescos, que são blocos de enredo, ou seja, uma replica do Carnaval de São Paulo e Rio de Janeiro, no bairro do Porto, teremos também o carnaval descentralizado nos bairros, assim como no ano passado”, diz Eliane.

De acordo com Zé de Paula, primeiro tesoureiro da Associação dos Blocos Carnavalescos de Cuiabá (Ablocc), haverá também o famoso Cordão.

Escolha da Rainha e Rei Momo
Para a escolha da Rainha do Carnaval 2009, basta que as escolas/blocos indiquem uma representante ou aquelas meninas, acima dos 18 anos, se inscrevam na Secretaria Municipal de Cultura de Cuiabá. “Qualquer uma pode se inscrever, desde que tenha mais de 18 anos. Essa questão da idade é uma exigência nossa, pois já tivemos problemas com Rainha que era de menor”, conta Zé de Paula.

Em relação à escolha do Rei Momo, Eliane e Zé de Paula contam que esta só é feita quando o atual Rei não quer mais ficar no cargo ou vem a falecer.

Carnaval alternativo
Para aqueles que não curtem Carnaval, no mesmo período, de 20 a 24 de fevereiro, estará ocorrendo, em Cuiabá, a 7ª Edição do Grito do Rock Cuiabá, que vem com muitas novidades. Entre elas a duração do festival que passa a ser de cinco dias, além do evento Enterro dos Osso que ocorrerá no dia 28 de fevereiro. Durante o festival haverá apresentações de bandas independentes locais e também de todo o país.

O que é a Ablocc?
Ablocc – Associação dos Blocos Carnavalescos de Cuiabá – foi fundada em 04 de fevereiro de 2003 e, recentemente, no último dia 20 de janeiro, teve sua nova diretoria formada.

A Associação, juntamente com a Secretaria Municipal de Cultura de Cuiabá, está na organização do Carnaval 2009 e tem como papel, a organização do Carnaval de Cuiabá, bem como transformá-lo em referência no Estado para atrair a população para a festa e, como objetivo, unir os blocos. “Queremos fazer com que todos participem. A Ablocc também é uma trabalho sócio-econômico, pois ao longo do ano ela gera oportunidades de emprego”, conta Eliane.

Hoje estão associadas na Ablocc 14 Escolas/Blocos, sendo nove no grupo A e cinco no grupo B, com possibilidade de mais três, que estão se filiando, estarem entrando no grupo C.

Segundo a presidente da Ablocc, Cideli Matos, as Escolas/Blocos ainda podem se inscrever antes do Carnaval. “Os blocos que queiram se filiar na Ablocc devem nos procurar com a última Ata da Reunião do Bloco, para comprovar a fundação e atender aos nossos regimentos internos. A Ablocc está localizada no Museu do Rio”, explica Cideli.

“Este ano estamos preparando um Carnaval para toda a família. A parceria com a Secretaria Municipal de Cultura de Cuiabá é muito importante para nós. Agradeço muito essa parceria e também ao apoio do secretário Mario Olimpio”, diz Cideli.

ACRIFE

ONG incentiva “arte infantil”

Moções de agradecimento e venda de telas pintadas por crianças da Acrife emocionaram aqueles que, pelo Museu das Águas passaram. Por Viviane Petroli para o Jornal Circuito Mato Grosso. Foto: Viviane Petroli

A Associação Criança Feliz (Acrife) é uma ONG com o título de Oscip (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público) que é fornecido pelo Ministério da Justiça a algumas ONGS quando requerido.


Conforme Laura Helena Guimarães, juridicamente, a Acrife existe há três anos, mas o projeto está em andamento há oito anos, quando começou com trabalhos de combate à desnutrição e erradicação do trabalho infantil. Num trabalho social de grande importância, são atendidas, em média, 900 crianças, sendo 300 na própria Acrife. As demais crianças são de quatro escolas, onde a Associação realiza trabalhos.

No espaço interno da associação, as crianças possuem atendimento médico e odontológico, assim como seus familiares. Além deste tipo de atendimento as crianças recebem lanches duas vezes ao dia, almoço e jantar. “As crianças permanecem na Acrife quando não estão em horário de aula. Realizamos, com elas, várias atividades como aulas de inglês, informática, dança entre outras”, conta Laura.

Na expectativa de ampliar esse trabalho, a Acrife promove diversos eventos. Um deles, por exemplo, ocorreu em dezembro do ano passado. Um sucesso! O Museu das Águas, localizado na Avenida Presidente Marques, foi palco da Moção de Agradecimento e venda de telas. Essa arrecadação de fundos serviu para a compra de materiais escolares e de artes plásticas para 300 crianças da instituição.

Conforme Laura Helena, estiveram à venda 100 telas pintadas pelas próprias crianças e mais quatro painéis. “Este evento foi uma forma que encontramos de agradecer àqueles que nos ajudam e também de vender as telas pintadas pelas próprias crianças e o que for arrecadado com estas vendas será revertido para as próprias crianças, na compra de materiais escolares e materiais para artes plásticas”, explica Laura.

Laura conta que mesmo antes mesmo do evento ser realizado, algumas telas já haviam sido vendidas. “Quem quiser adquirir as telas pintadas pelas crianças da Acrife, podem ir até nós no Bairro Sucuri ou entrar em contato comigo, que estarei levando os cartões de amostra”, diz Laura, que pode ser encontrada no telefone (65) 8416-7483.

Telas
Todas as telas pintadas pelas crianças da Acrife tiveram o acompanhamento do artista plástico Valques Rodrigues. Ele se emociona ao falar desse trabalho. “As crianças se saíram bem, tem crianças que só de ensinar o básico já parecem profissionais”, conta Valques.

As crianças tiveram cerca de 50 horas de curso de pintura para, em seguida, estarem pintando as telas.

Segundo Valques, as crianças ao perceberem o que estavam fazendo ficavam impressionadas, pois ele havia ensinado somente alguns rabiscos e elas, quando começaram a colocar em prática nas telas, estavam pintando paisagens, casas, animais, flores entre outros desenhos. “Com as aulas de arte as crianças conseguiram se acalmar, reduziram a ansiedade e algumas até mudaram de personalidade. Isso é bom. Todas as escolas deveriam ter artes plásticas, pois ela ajuda no combate à depressão, quando a criança tem problemas em casa. A arte tem vários pensamentos. É como você escrever uma redação, só que com desenhos, pois tem seu começo, meio e fim”, comenta Valques.

Em 2009, Valques pretende dar continuidade aos seus trabalhos com as crianças, além de realizar uma Bienal Naifs Arte-Primitiva só com quadros pintados por crianças o que, segundo ele, nunca foi feito em Cuiabá.

Moção de Agradecimentos
Entre os homenageados com Moção de Agradecimento pelo apoio que veem dando para as crianças da Acrife, encontramos: Rosevelt Coelho, diretor do Fundo Municipal de Educação; Laura Jane Santiago, diretora da Number One; Ivana Camil Fares, presidente da Pró-Unim; João Antônio de Figueiredo, médico e sócio-fundador da Acrife; o deputado estadual Guilherme Maluf, o vereador Levi Pires de Andrade; Julio César Almeida Braz, diretor da Ginco Empreendimento; a secretária de Bem-Estar Social, Celcita Pinheiro entre outros empresários.
Para a diretora da Number One, em Cuiabá, Laura Jane Santiago, é muito gratificante estar ajudando as crianças da Acrife, ensinando uma nova cultura para elas. “Pra mim é muito gratificante. A gente está ajudando nessa diferença cultural e as crianças são bem receptivas. O franqueador da Number One, que fica em Belo Horizonte, incentiva esse tipo de trabalho”, diz Laura Jane.

Segundo Laura Jane, a Number One vem, há dois anos, realizando o trabalho de parceria com crianças de nove a 15 anos da Acrife, com aulas de inglês. Ela ainda conta que acima dos 16 anos o adolescente é encaminhado para a sede da Number One para os cursos mais avançados. “O material pedagógico é adquirido pela própria Acrife. Hoje são duas turmas nas sextas-feiras, uma no período da manhã e outra no da tarde. Ao todo são dois módulos por ano que as crianças têm de inglês, assim como na Number One. A sala de aula na Acrife é do mesmo jeito que as salas da sede da Number One”, explica Laura Jane.