5 de agosto de 2012

FERNANDO & SOROCABA

Sertanejos apostam em videoclipes  como meio de divulgação

Considerado o maior compositor dos últimos tempos Sorocaba têm canção gravada por Chitãozinho & Xororó em parceria com a dupla Fernando & Sorocaba

Viviane Petroli
Blog Fala Sério Mix
Foto: Viviane Petroli e Produção Fernando & Sorocaba (camarim com a máquina da repórter)


A utilização de videoclipes para auxiliar na divulgação de novas canções no Brasil andava um pouco esquecida. Canais, como a MTV Brasil, eram buscados para tal independente do ritmo musical. Tanto que era possível verificar em meio aos “tops 10” até clipes sertanejos. Hoje, novas duplas e grupos musicais estão apostando novamente neste modelo de divulgação no país, entre eles está a dupla Fernando & Sorocaba que utiliza de diversos modos à apresentação de seus videoclipes, seja em seus shows, site, Facebook, You Tube e até mesmo no canal Multishow, que conta com um espaço voltado para o estilo sertanejo com o “Tvneja”.

Em menos de um ano a dupla Fernando & Sorocaba já lançou três clipes musicais: “É Tenso”, “A Verdade” e o mais recente “As mina pira”. Quem os assiste percebe o quanto a dupla gosta de inovações, prova disso é que fogem dos tradicionais clipes retirados apresentação de shows ao vivo. Além dos dois, outros músicos estão trazendo à tona este modelo de divulgação de seus trabalhos, como é o caso de Victor & Leo e Luan Santana, que por sinal chegou a se transformar em um senhor de 70 anos em “Te Vivo” lançado recentemente.

Sorocaba, atualmente um dos maiores compositores da música brasileira a ponto de em 2011 ser o primeiro colocado no ranking dos maiores arrecadadores de direitos autorais do Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (ECAD), revela que mais clipes virão ainda este ano.

“Estamos na onda do videoclipe agora. Apostando nele, pois estavam faltando no Brasil. É bacana e as pessoas curtem, até por trazemos histórias engraçadas em alguns, como ‘É Tenso’ e ‘As mina pira’”, declarou o músico em entrevista exclusiva para o Blog Fala Sério Mix pouco antes do show em Cuiabá, na 21ª Festa de São Cristovão, no dia 3 de agosto.

SONHO REALIZADO

De acordo com informações do ECAD em seu site, Sorocaba apareceu em primeiro lugar no ranking dos maiores arrecadadores de direitos autorais o ano passado desbancando grandes compositores da música brasileira, como é o caso de Roberto Carlos que apareceu em terceiro lugar. A segunda colocação ficou com Victor Chaves, da dupla Victor & Leo.

Sorocaba comenta que nunca pensou estar entre os primeiros maiores compositores. “Essa história toda do compositor veio totalmente paralela a minha vida. Eu nunca almejei ser o maior compositor do Brasil. Nunca almejei estar entre as primeiras colocações do ECAD, no caso agora em primeiro e estou muito feliz por isso. Eu almejei cantar, eu almejei subir ao palco e levar alegria junto com a minha dupla e isso veio consequentemente, paralelamente”, comenta Sorocaba.

Em meio a tantos sonhos da dupla, Sorocaba revela que um de seus sonhos está preste a concretizar-se. A dupla Chitãozinho e Xororó lança nesta segunda semana de agosto a música “O tamanho do nosso amor” de composição dele. “Este ano a dupla Fernando & Sorocaba está realizando um sonho. Sempre tivemos o sonho do Chitãozinho e Xororó, que a gente considera um dos pais da música sertaneja, gravar uma nossa que se chama ‘O tamanho do nosso amor’, que é de minha composição, e a gente teve a oportunidade de gravar junto. Então foi a realização de um sonho. Creio que muitos ainda vão gravar minhas músicas”.

Sorocaba em sua trajetória musical coleciona mais de 100 canções, dentre elas pode-se citar “Madri”, ‘Bala de Prata”, “Paga pau” e “Tô passando mal” gravadas juntamente com sua dupla Fernando. Já as gravadas por outros cantores, como é o caso de Luan Santana, está “Meteoro”.

CUIABÁ

Nascido em Ji-paraná, em Rondônia, Fernando aos 15 anos veio para Cuiabá (MT) em busca de realizar seu sonho: o de ser cantor. Segundo o músico, sua permanência pela Capital mato-grossense durou cerca de seis anos, onde fez inúmeros amigos. Neste meio tempo tocou em diversas casas noturnas e até mesmo por diversas vezes na Festa de São Cristovão. Durante seu show, realizado na festa, comentou com o público já ter tocado no grupo Arena Country e com o músico cuiabano Johnny Everson.

“Vim para Cuiabá através de amigos de Rondônia que vieram antes para cá. Eles me convidaram para vir cantar aqui com eles e fiquei morando na cidade de cinco para seis anos, tocando na noite, em bandas, inclusive já tive banda aqui. Tenho muitos amigos aqui em Cuiabá. Logo depois fui para Minas Gerais, onde morei um tempo também, e através de amigos de lá conheci o Sorocaba e estamos juntos há cinco anos”, disse Fernando.

2012

Fernando & Sorocaba comenta que para este restinho de 2012, além de novos clipes musicais, o objetivo é trabalhar mais e levar a alegria ao seu público. “Esperamos trabalhar mais, lançar mais clipes e melhorar nossos shows cada vez mais. Isso é o que a gente ama fazer que é ir para a estrada e fazer nossos shows com qualidade”, frisa Sorocaba.

“Continuar trabalhando é o que queremos. E como o Sorocaba disse continuar apostando nesta onda dos clipes. Queremos continuar fazendo isso. A gente não para, tanto que já estamos pensando no próximo trabalho, mas não temos nada definido ainda”, comenta Fernando.

2 de agosto de 2012

CONSTRUÇÃO CIVIL

Setor mantém economia local

Especialistas preveem que situação deve continuar por mais 2 anos, principalmente devido à Copa

Viviane Petroli
Jornal Folha do Estado (publicada na edição de 29 de julho de 2012)


A construção civil deverá pelos próximos dois anos continuar segurando a economia de Cuiabá. As projeções são de especialistas e do próprio setor. O segmento, que lidera as contratações na capital mato-grossense em 2012, deverá manter-se em alta até 2014. A tendência baseia-se nos programas do governo federal que geram renda e consumo, somadas aos incentivos como maior prazo para pagar, as obras da Copa do Mundo de 2014 e a vinda de novos negócios que trazem executivos e suas famílias para a cidade. Ao ano os imóveis em Cuiabá valorizam-se em média 5%. Atualmente, 60% dos imóveis mais buscados são os de até R$ 200 mil.

De acordo com o economista Vitor Galesso, quando o ano é de baixa economia o PIB de Cuiabá cresce entre 8% e 9%, enquanto em bons anos, como se tem vivido nos  últimos três anos, 20% ano. “Mas, economia crescendo em 8%. A média normal é 12%. Após a Copa teremos estagnação na economia e a construção civil entrará em saturação. Com isso, o governo de Mato Grosso tem de começar a planejar o pós-2014 com incentivos ao comércio e serviços para que a economia siga em alta”.

Galesso comenta que o PIB de Cuiabá tem atraído novos negócios, o faz executivos buscarem moradia na cidade e eleva o consumo de imóveis. “O que leva mais investidores na construção civil vir para a cidade”.

O diretor regional da Construtora Plaenge, Rogério Fabian, confirma a análise do economista. “O ciclo da construção é longo e o que se tem visto hoje é um reflexo das vendas realizadas em 2010 e 2011. Este ano é ano de construção, tanto que somente agora as obras da Copa de fato começaram. O que vemos seguirá até 2014”.

Fabian comenta que em Cuiabá entre 2006 e 2011 o volume de obras cresceu cinco vezes. Prova disso, como revela, é que até 2009 a Plaenge entregava até três torres ao ano e este ano serão 12. “Para 2013 estão previstas 10 torres. O bom momento da economia cuiabana trouxe muitos construtores, alguns inclusivejá foram embora devido o mercado ser de localidade, ou seja, é preciso ter conhecimento da cidade antes e não construir algo como em sua cidade de origem. A construção é como a agricultura, consegue movimentar todas as classes, gerar renda e demais segmentos”.

INCENTIVOS

Ao ano os imóveis, segundo o presidente do Sindicato da Habitação de Mato Grosso (Secovi-MT), Marcos Pessoz, sofrem uma valorização de 5%, dependendo da localização, custo terreno, mão de obra e materiais. “Hoje, são vários os fatores, na verdade, para o setor estar em alta. A construção civil estava ineficiente e por isso o deficit de habitação era grande. Agora criou-se condições macroeconômicas para que a construção pudesse crescer, como redução taxas de juros, redução IPI para materiais e equipamentos, aumento do prazo para pagar o imóvel, programas,o que traz novos investimentos e geração de renda”.

EMPREGO

Levantamento do Cadastro de Emprego e Desemprego (Caged), divulgado na semana que passou, revela que no 1º semestre de 2012 o saldo positivo de admissões foi de 3.089 vagas, enquanto em 2011 haviam sido 882 em Cuiabá. Em serviços permaneceram 1.525 e o comércio teve saldo negativo de 732.

O presidente do Sindicato da Indústria da ConstruçãoCivil de Mato Grosso (Sinduscon-MT), Cezário Siqueira, comenta que a inversão de admissões, que consequentemente tem levado, também, a construção civil a segurar a economia, é um fator do processo nacional de empregos regulares em decorrência do aumento de formalizações. “Há 10 anos, apenas 40% das contratações eram de modo formalizado, hoje é de 60%”.

RECORDES

MT pode não ter como escoar

Prazo, segundo o setor e analistas, é de cinco anos devido aos volumes históricos de produção

Viviane Petroli
Jornal Folha do Estado (publicada na edição de 22 de julho de 2012)


Mato Grosso pode em cinco anos ver sua safra de grãos se perdendo nas lavouras se não a conseguir escoar. O colapso não é descartado por especialistas e o próprio setor  produtivo se a produção seguir em franco crescimento, em especial por conta dos preços renumeradores. O setor revela que devido à produção recorde de milho nas maiores regiões produtoras, há cereal sendo estocado fora dos silos; contudo, situação só não se alastrou para todo o Estado, porque o escoamento da soja foi rápido devido à grande demanda, em especial do mercado estrangeiro.

Em 10 anos a produção de grãos em Mato Grosso cresceu 106,06%, saltando de 18,48 milhões de toneladas (t) para 38,08 milhões. Somente a soja representa 56,1% da atual safra, segundo levantamento da Companhia Nacional do Abastecimento (Conab).

De acordo com o produtor de Sinop e 2º diretor financeiroda Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), Antônio Galvan, se a produçãoseguir em alta e a infraestrutura de escoamento seguira mesma poderá ter produção estragando na lavoura ou nos armazéns. “Isso ocorrerá se não tivermos uma crise no setor devido aos preços, principalmente”.

A questão, também, é referendada pelo economista em políticas rurais, Adriano Figueiredo. “O colapso não é descartado. Se a produção seguir em crescimento, não só no Brasil, mas como no mundo, haverá oferta de produtos demasiada e os preços acabarão caindo e como os produtores ainda têm  p r o b l emas de armazenagem acabarão vendendo pelo preço que aparecer o que não trará renumeração. O escoamento rápido e a falta de silos pode inclusive transformar os caminhões em armazéns  novamente, principalmente nas filas dos portos e empresas, visto que não se  dará conta de descarregar”.

Conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a capacidade de armazenagem de Mato Grosso é de 32,049 milhões de toneladas, considerando todas as redes armazenadoras de produtos agrícolas. Segundo o economista, os produtores ao mesmo tempo que pressionam o governo federal em relação à situação das rodovias, ferrovias e hidrovias, necessário avaliar a viabilidade de se incrementar a produção. “É preciso fazer armazéns nas propriedades também. Tenho notícias que há empresas especializadas, até mesmo em silos pré-moldados, se instalando no Estado. O produtor
tem de buscar alternativas e ver se vale a pena investir em aumento de produção”.

EXCESSO DE MILHO

A 2ª safra 2011/12 de milho cresceu 103,6% em comparação a 2010/11, saltando de 6,9 milhões de t para 14,2 milhões de t. De acordo com Galvan, nas regiões que mais produziram o cereal já é possível ver o produto sendo estocado para fora dos armazéns. “Produzimos mais do que esperávamos. A situação só não está pior, ou seja, em todo o Estado, porque a soja foi escoada rápido em decorrênciada quebra de safra nos Estados Unidos e a crescente demanda na China. O que prova que podemos ter problemas no futuro”.

O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), Rui Prado, comenta que ao passo que a produção aumentou em 10 anos a infraestrutura parou no tempo. “É fato que teremos um apagão rodoviário e que teremos problemas para armazenar. Nesta safra não estamos tendo problemas, também, devido os bons preços, o que ajudou a escoar. Entretanto, uma hora a bomba vai estourar”.

Prado comenta que só em 2012 a demanda de grãos da China é de 12 milhões de toneladas. Na safra 2011/12 foram produzidos 21,3 milhões de t de soja. A estimativa era 23 milhões, porém não se concretizou devido à intensidade da ferrugem asiática nas lavouras do grão.

Ao comparar com a safra passada a produção de soja cresceu 3,9%. Já o algodão, apesar da redução da área em 0,3%, prospecta que a produção de pluma cresça 6,6%, saltando de 937,3 mil t para 999,4 mil. Os dados são do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea).

PRODUÇÃO DE LEITE

Desorganização trava cadeia

Hoje, produtor de MT não sabe quanto gasta para produzir um litro, o que dificulta o retorno

Viviane Petroli (*) ENVIADA ESPECIAL A SÃO JOSÉ DOS QUARTO MARCOS
Jornal Folha do Estado (publicada na edição de 22 de julho de 2012)


Mato Grosso possui um potencial indescritível de produção em várias cadeias. Entre  elas a leiteira, que poderia estar entre as cinco maiores do Brasil se não fosse a “desorganização” do setor, como o próprio segmento relata. Hoje, o Estado figura em 10º lugar no país. Muitos produtores não sabem se quer quanto recebem por um litro de leite e se o valor traz rentabilidade. Atualmente, a média recebida pelo litro de leite é de R$ 0,67 e os gastos para produção, conforme o 1º Diagnóstico da Cadeia do Leite de Mato Grosso, divulgado em abril, fica entre R$ 0,50 e R$ 0,60. Ao ano, o Estado roduz 700 milhões de litros. Os dados foram apresentadosaos produtores de São José dos Quatro Marcos, anteontem, durante a Famato em Campo Leite, o 1º dia de campo voltado para a cadeia leiteira, o qual foiacompanhado pela reportagem.

O evento ocorreu na fazenda Irmãos Santos. De acordo com o presidente da Associação dos Produtores de Leite de Mato Grosso (Aproleite), Alessandro Casado, existe uma grande desorganização do setor no Estado, o que impede o desenvolvimento da cadeia leiteira. “O produtor de leite é individualista. Se houvesse organização e assistência técnica a todos chegaríamos em no máximo trêsanos ao patamar de 5º maiorprodutor”. Casado comenta que em 2011 81% dos produtores do Estado não tiveram assistência técnica.

Segundo o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), Rui Prado, o objetivo dos dias de campo é unir a categoria, além de levar conhecimento e trocar informações. “Os produtores de leite de alguma forma são dispersos uns dos outros. É preciso mais organização e união para fora da porteira para que se possa lutar pelos objetivos, em especial o preço do leite que em Mato Grosso oscila, enquanto em São Paulo é em linha crescente”.

GASTOS

Prado e Casado comentam que a maioria dos produtores não sabe o quanto gasta para
produzir um litro de leite. Os irmãos Luiz Carlos, José Carlos e Ângelo Carlos Santos abriram em 1981 a Fazenda Irmãos Santos, em São José dos Quatro Marcos, e inicialmente trabalhavam com arroz, feijão e milho.

Há 10 anos, José revela, migraram para a cadeia do leite. “Tínhamos na época 15 vacas em lactação que nos davam de 70 a 80 litros/dia. Hoje são 90 vacas em ordenha e a produção é de 1,1 mil litros/dia com duas ordenhas. Conseguimos atingir isso com melhoria de genética e alimentação adequada”. A migração de atividade deveu-se à saca do milho em 2002 custar em média R$ 5.

Apesar dos investimentos e resultados, Luiz revela que não sabe o quanto gastam para produzir um litro de leite. “Estamosbuscando nos qualificar para saber o quanto gastamos e se os R$ 0,76 que recebemos do laticínio da cidade é remunerador ou não. Criamos gado de corte também e não diferenciamos os ganhos com cada”.

Casado comenta que um painel de custos foi realizado em parceria com a Confederação da (CNA) e verificou-se que para o produtor ter retorno de seus gastos e condições de investimentos, seria necessário que este recebesse R$ 0,81 por litro no Estado e não a média de R$ 0,67. “O que se ganha hoje só dá para se manter”, frisa.

Prado comenta que será feito em cima do diagnóstico feito pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), uma política pública da cadeia do leite para ser apresentada ao governo do Estado.

De acordo a pesquisadora da Embrapa Sinop, Roberta Carvanelli, que palestrou no evento, se houver planejamento adequado e os produtores cuidarem do animal e da pastagem, 80% dos problemas do setor são resolvidos. “Se deixar a vaca no sol, por exemplo, ela produz 20% menos leite e se não cuidar amastite cai 25% a produção. Os cuidados mais simples não só ajudam a aumentar a produção, mas também a qualidade”, comenta, informando que técnicos estão em formação para auxiliar os produtores.

(*) A repórter viajou a convite da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato).