20 de junho de 2009

RESGATE HISTÓRICO

Balneário Santa Rosa – muitas emoções à beira do rio Coxipó

O Balneário Santa Rosa pontificou, por 20 anos, como a mais famosa casa de espetáculos de Cuiabá. Sempre lotado, nos finais de semana dos anos 70, reunia as famílias cuiabanas para banhos de rio e noites de shows e muita dança. Por Viviane Petroli para o jornal Circuito Mato Grosso. Fotos: Arquivo Pessoal João Balão

Um simples hotel de nove apartamentos a beira da praia do rio Coxipó, localizado na rua Jarí Gomes, mais precisamente ao lado da Boate Sayonara, durante 11 anos fez furor na capital mato-grossense. Tudo devido à criatividade do seu proprietário João Celestino Cardoso Neto, mais conhecido como João Balão, que o transformou também em uma casa de espetáculos trazendo o melhor da música brasileira para as noites cuiabanas.

De 1970 a 1981, o Balneário Santa Rosa pulou de nove apartamentos, onde por muitas vezes tripulações de aviação pernoitavam, para 15 apartamentos, sem contar as 300 mesas e as três pistas de dança que eram ocupadas pela cuiabania que ia em busca de diversão com os shows mensais ou quinzenais, em épocas de férias.

Quando construído por Augusto César Marques dos Santos, genro de João Balão, o Balneário, além dos nove apartamentos, contava também com uma cozinha aberta para toda a cidade. Novidade que atraía cada vez mais fregueses. “Inicialmente o Balneário foi construído para ser um hotel de trânsito e, aos poucos, fomos incrementando com o restaurante e a boate”, relembra João Balão, emocionado.

Para a inauguração do Balneário, João Balão convidou o cantor e compositor Benito de Paula, então no auge, para fazer um show mas ele não pode comparecer e em seu lugar foi escalado Leo, primeiro músico da casa, que tocava órgão eletrônico acoplado a uma bateria também eletrônica. “O primeiro piano eletrônico trazido para Cuiabá foi o do Balneário”, relembra João Balão. Após Leo, vieram os músicos instrumentistas Dario e Toninho.

Com o sucesso que o Balneário Santa Rosa fazia na cidade, seu proprietário se viu obrigado a manter uma equipe de 50 garçons aos finais de semana para atender aos clientes. As companhias aéreas faziam pernoitar ali seus funcionários e passageiros, em dias de casa lotada.

Aos domingos, como era de praxe na época, após o banho de rio havia o tradicional almoço com serviço à beira da praia. Era uma época sem tanta poluição e a população curtia a água límpida que corria pelo rio Coxipó e as áreias brancas e convidativas para os seus banhos de sol.

Shows e festas
Além dos 27 músicos, divididos em quatro bandas, que animava a cuiabania e aqueles que pela cidade passavam, haviam os shows nacionais com os mais renomados cantores do país. “Tínhamos no Balneário uma banda comandada por Zé Lino e dois conjuntos. Um dos conjuntos era comandado por Paulo e Fábio e o outro era comandado pelo Júlio Coutinho. Havia também um conjunto de percussão comandado por Alair Batuqueiro. O Alair tocava somente nas sextas e sábados, as outras bandas tocavam a semana toda, exceto as segundas quando era folga do pessoal e não abríamos”, lembra João Balão.

Entre os músicos nacionais de renome que passaram pelo Balneário Santa Rosa estiveram Roberto Carlos, Sílvio Caldas, Clara Nunes, Wilson Simonal, Jair Rodrigues, Leny Andrade, Pery Ribeiro, Jacob do Bandolim, Wando, Altemar Dutra, Rogéria, Jamelão, Alcione, Maria Creuza, Benito de Paula (ele acabou vindo!), Miltinho, Sérgio Reis, Morais Moreira, Nara Leão, Leci Brandão, João Nogueira, Luiz Airão, Jorge Benjor, Wanderley Cardoso, Nelson Ned e Jerry Adriani. “Os shows que mais lotaram foram os de Benito de Paula e o da Clara Nunes”, comenta.

No Carnaval, a festa começava na sexta-feira e terminava só ao meio-dia da quarta-feira de cinza. Por causa dos seus shows, o Balneário Santa Rosa mereceu destaque em reportagens de jornais de São Paulo e Rio de Janeiro e na revista Veja.

O fim de um espetáculo
Em dezembro de 1981 o Balneário Santa Rosa fechou as suas portas deixando a cuiabania carente de sua animação. Devido a separação entre João Balão e sua esposa Zélia na época, o Balneário acabou ficando com Zélia que acabou fechando as portas do local, enquanto João Balão seguiu para o Pantanal e abriu o primeiro hotel da localidade com o nome de Santa Rosa Pantanal Hotel. “Na época não havia a Transpantaneira que temos hoje. Todo o material para a construção do hotel no Pantanal veio de Corumbá via fluvial”, diz João Balão.

Um comentário:

Anônimo disse...

Olá, gostei da matéria ,sobre nossa cuiabania, (nota 10)