23 de novembro de 2010

MATO GROSSO

Mercado de orgânicos é ínfimo

Segundo o Mapa, custo de produção varia conforme o produto, mas o que pesa é a mão-de-obra

Viviane Petroli
Jornal Folha do Estado


Ainda é pequena a produção de produtos orgânicos em Mato Grosso em relação aos demais estados brasileiros. Principais produtos produzidos por Mato Grosso são as hortaliças, seguidas da soja, carne e derivados da cana-de-açúcar. Conforme a fiscal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e coordenadora da Comissão Orgânica de Mato Grosso, Jean Keili Bif, o custo da produção varia de acordo com o produto, porém este é baixo em comparação à mão-de-obra, que é alta e “trabalhosa”.

Keili comenta que para o consumidor os orgânicos são mais caros, pois a oferta destes é pequena. “O preço quem faz é o mercado. Quando a oferta de produto for grande o preço será igual ao convencional”, diz. Para ser considerado orgânico, o produto tem de ser cultivado em ambiente de produção orgânica, em que se utiliza como base do processo produtivo os princípios agroecológicos que contemplam o uso responsável do solo, da água, ar e demais recursos naturais, respeitando as relações sociais e culturais.


Keili explica que na agricultura orgânica não é permitido o uso de substâncias que coloquem em risco a vida humana e o meio ambiente, como fertilizantes sintéticos solúveis, agrotóxicos e transgênicos. Segundo a coordenadora da Comissão Orgânica de Mato Grosso, não há como saber precisamente quantos produtores de orgânicos há em Mato Grosso, porém os municípios que mais produzem este tipo de produto são Alta Floresta, Matupá, Poconé, Campo Verde, Tangará da Serra, São José dos Quatro Marcos e Mirassol D’Oeste.

Desde 1997, porém com oficialização em março de 1998, a Cooperativa de Produção Agropecuária Canudos
Ltda (Coopac), de Campo Verde, trabalha com a produção de orgânicos. Conforme o diretor da cooperativa, Manoel Messias da Silva, o projeto, composto por cinco famílias, encontra-se em processo de certificação.

“Essas famílias trabalham de forma coletiva, porém divididas em setores. Nosso principal
produto é a cana-de-açúcar e seus derivados, mas produzimos também mamão, banana, milho verde, leite e hortaliças. Hoje, podemos dizer que essas famílias conseguem sobreviver somente da produção dos orgânicos”, comenta Silva.

MERENDA ESCOLAR
Conforme a Lei 11.947, 30% da merenda escolar deve conter produtos adquiridos da agricultura familiar.

Segundo Keili, a população quase não vê os produtos orgânicos regionais, pois estes seguem para programas como o da merenda escolar da Secretaria de Educação de Mato Grosso (Seduc-MT) e para o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) pertencente à Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), também destinado a merenda.

“A Conab adquire estes produtos e distribui entre as escolas. A entidade chega a pagar 30% a mais por produtos da agricultura familiar”, explica ela.

De acordo o diretor da Cooperativa de Produção Agropecuária Canudos Ltda (Coopac), Manoel Messias da Silva, parte dos produtos de hortifrutigranjeiros da cooperativa é destinada para a merenda escolar. “Estes produtos são adquiridos pela Conab, que repassa para as escolas de Campo Verde, Cuiabá e Dom Aquino”, acrescenta.

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