21 de agosto de 2011

LER É BACANA

Preço dos livros faz com que hábito da leitura seja infamo no Brasil, diz escritora


Para Thalita Rebouças, idealizadora do projeto educacional “Leitura com Thalita Rebouças. Ler é bacana!”, no qual incentiva o hábito da leitura, no Brasil o que se vende é capa e não conteúdo literário



Viviane Petroli

Blog Fala Sério Mix. Fotos: Viviane Petroli


“No Brasil o hábito de leitura ainda é fraco, pois os livros são caros e falta incentivo por parte dos pais, que também não possuem o costume de ler”. A declaração foi pela jornalista e escritora Thalita Rebouças durante a palestra educacional “Leitura com Thalita Rebouças. Ler é bacana!”, realizada no dia 20 de agosto de 2011 no ginásio de esportes da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), em Cuiabá, ao ser questionada por pais e professores no local sobre a questão.

Pela primeira vez na Capital mato-grossense, Thalita Rebouças comentou, para um público de aproximadamente 350 pess
oas, que começou a ler aos quatro anos incentivada pelo avô. Para ela, além de bacana, a leitura é tudo e essencial. A escritora revela, ainda, que a competitividade com a televisão e a internet é outro fator que inibe o hábito da leitura e faz a questão tornar-se “preocupante”.

Thalita Rebouças é autora de 12 livros, que já atingiram juntos a marca de 1 milhão de exemplares vendidos e dos quais seis já foram publicados em Portugal e, segundo ela, já existem conversas com três editoras italianas para lançar seus livros na Itália. Ela conta que entre seus livro de infância “Menino Maluquinho” de Ziraldo está entre os preferidos. Já em sua fase adulta, a lista é encabeçada por Fernando Sabino e José Saramago (escrito
r português).

“Comecei a ler aos quatro anos. Meu av
ô lia as histórias para mim, mas eu queria ler. Aos 10 anos queria ser escritora e também dona de shopping, entre outras profissões. Coisa de criança. Fiz jornalismo, mas queria poder inventar as coisas e jornalista não pode fazer isso. Há 11 anos lancei meu primeiro livro ‘Traição entre amigas’ e de lá para cá não parei mais. Ler é bom. Faz a gente pensar, ter criatividade, o que é muito importante”, disse Thalita Rebouças.

Incentivo

Aos 12 anos a jovem Carla Braganholo ganh
ou de seu pai o livro “Traição entre amigas” de Thalita Rebouças. Hoje, aos 16 anos, além de ter viajado especialmente ao Rio de Janeiro para conhecer a escritora em 2008, Carla acabou incentivando a irmã caçula Paula de oito anos a ler. “Eu gostei de ‘Traição entre amigas’ e depois meu pai comprou outros livros dela para mim. Hoje, eu incentivo a minha irmã a ler”.

Aos 16 anos e fã de Thalita Rebouças, Carla Braganhoso incentiva
a irmã Paula (8) a ter o hábito da leitura de livros

Para Carla a leitura é tudo, pois faz com q
ue a pessoa relaxe e ao mesmo tempo use sua imaginação. A adolescente comenta ainda que no caso dos livros de Thalita Rebouças o adolescente se vê na “pele” dos personagens. “A Thalita Rebouças conta toda uma realidade do adolescente. E esse incentivo do ‘Ler é Bacana’ que ela faz é muito legal, pois hoje a criança e o adolescente, como é o caso da minha irmã que tem oito anos, já lê um livro de 160 páginas. Minha irmã lê antes de dormir, quando não tem nada para fazer. E o que incentiva essa leitura da Thalita é a forma como ela trata os fãs, ela escreve a história dos fãs com os personagens dela”. Carla comenta ainda que o modo como Thalita Rebouças escreve faz com que o leitor acabe identificando-se com os personagens e entrando dentro daquele universo escrito.

Conforme Thalita Rebouças, que hoje possui seus livros nas estantes de bibliotecas escolares e de bairros, incluindo nos Morros
do Rio de Janeiro, para que a leitura se torne um hábito mais frequente é preciso que os livros possam ser adquiridos por um preço mais em conta. “Aqui no Brasil o que se vende na verdade é capa e não conteúdo”, frisa.

Faria tudo de novo

Durante entrevista coletiva à imprensa cuiabana, Thalita Rebouças, ao ser questionada pelo Blog Fala Sério Mix se tornaria a fazer polichinelo novamente em uma Bienal de Livro, como a que fez em
sua primeira Bienal do Livro no Rio de Janeiro há 11 anos, para chamar à atenção do público a escritora revelou que “faria sim tudo de novo”.

“Quando subi na cadeira e comecei a chamar a atenção e fazer polichinelo falando que era escritora, que meu livro era baratinho e que estava autografando as pessoas começaram a olhar o livro e fazer uma rápida leitura, depois uma fila se formou querendo que eu autografasse. De repente a pequena fila transformou em uma verdadeira fila, aí que eu descobri que brasileiro realmente gosta de fila, pois muitos curiosos acabaram parando para ver o que ocorria e compraram meu livro. Por isso, eu digo que faria tudo de novo s
im”, respondeu Thalita Rebouças.

Em 11 anos de carreira e 12 livros lançados no Brasil,
Thalita Rebouças já atingiu a marca de 1 milhão de exemplares vendidos


Cinema e teatro


A única semelhança no momento entre Thalita Rebouças, J.K Rowling e Stephenie Meyer é o fato das três escreverem para
o mesmo público, ou seja, o infanto-juvenil, apesar de muitos adultos também gostarem de ler seus livros. Contudo essa semelhança em breve será expandida para as telas dos cinemas.

“Ela disse, Ele disse”, “Tudo por um namorado” e “Uma fada veio me visitar” já estão com seus direitos autorais vendidos para ir às telas do cinema. “Acho bacana ter experiência de ver meus livros indo para as telas dos cinemas. Não me considero uma J.K Rowling e Stephenie Meyer por isso, mas estou feliz por isso. Os convites não param, tanto que ‘Era uma vez minha primeira vez’ vai virar peça de teatro. O mercado do cinema e teatro me descobriu e eu estou muito feliz por isso”.

"Ler é bom. Faz a gente pensar, ter criatividade", diz escritora e jornalista

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