28 de fevereiro de 2008

SOBREVIVÊNCIA

Empresas de Cuiabá sobrevivem ao tempo

Muitas empresas comerciais de Cuiabá, mesmo com o crescimento ao longo do tempo, ainda conseguem permanecer na ativa e continuam conquistando a população da cidade

VIVIANE PETROLI
Especial para o Jornal Circuito Mato Grosso

Com o passar dos anos e com a evolução da tecnologia muitas empresas ainda conseguem sobreviver, mesmo com as mudanças de comportamento e gostos, que se alteram cada vez mais rápido. Ao andar pelas ruas de Cuiabá, por exemplo, pode-se ver que algumas lojas das décadas de 40, 50, 60, 70, 80 e 90 ainda permanecem ativas, conseguindo sobreviver ao tempo e à concorrência.


São lojas, bares, restaurantes, supermercados, alfaiates, sapatarias, compradores de ouro, enfim, uma infinita lista de empresas e comércios. A maioria das empresas são antigos negócios de família. Raramente pode-se ver que algum terceiro comprou e permaneceu com o mesmo nome no local.

Uma das empresas mais antigas de Cuiabá é a Casa Alberto, que foi criada em dezembro de 1946 por Alberto Borges de Aguiar. Inicialmente, por Getúlio Vargas ter decretado que estrangeiros não poderiam ter empresas em seu nome, a Casa Alberto foi chamada de Feira dos Tecidos. Com isso ‘seo’ Alberto, que é português, acabou abrindo a loja de vestuário masculino e tecidos finos no nome de sua esposa Maria Gloria Vieira de Aguiar, conhecida como Maria Vieira, que era brasileira.

“Quando papai recebeu a herança de seus pais em Portugal, comprou um estabelecimento e transformou a loja em Casa Alberto, pois neste tempo já poderia ser proprietário definitivo. Isso ocorreu por volta de 1950”, conta José Alberto Vieira Aguiar, filho de ‘seo’ Alberto e um dos donos da Casa Alberto.
Até 1976, a Casa Alberto funcionava como firma individual e após a formatura de seus filhos, José Alberto e Álvaro Augusto, ‘seo’ Alberto transformou a empresa em Aguiar &Filhos permanecendo com o nome fantasia Casa Alberto.

A primeira locação da Casa Alberto foi na Rua 13 de Junho, em seguida passou para a Prainha, próxima ao Correio Central, depois para onde atualmente é a Riachuelo e hoje se encontra novamente na Prainha, esquina com a Travessa João Dias sendo administrada pelas filhas de José Alberto.

“A Casa Alberto é constituída como empresa familiar e o segredo dela estar a tanto tempo aberta foi a nossa perseverança. A minha mãe ajudou muito com o ateliê dela, sempre prezamos a qualidade dos produtos. Nunca surgiu, também, a vontade de expandir para o interior, preferimos ficar aqui e diversificar aqui mesmo”, diz José Alberto.

De Poconé para Cuiabá
A exemplo da Casa Alberto pode-se encontrar a Casa Prado, fundada no dia 11 de fevereiro de 1955 por José Rodrigues do Prado e que sempre foi uma empresa familiar.

Assim como a Casa Alberto a Casa Prado também atende ao público masculino, mas em 2000 abriram a loja Ciberiam para atender ao público feminino. “Tentamos abrir a loja com roupas femininas, ficou aberta um ano, mas não deu certo”, diz Priscila Prado que junto com seu irmão Geraldo José Prado tomam conta do negócio da família.

Priscila conta que a idéia de seu avô de abrir a Casa Prado surgiu quando ele veio para Cuiabá. “Meu avô trabalhava como balconista na loja do sogro dele em Poconé. Veio para cá e comprou a loja ´A Carioca’ que vendia de tudo. Depois de um ano transformou a loja para vender somente roupas masculinas, criando assim a Casa Prado”, explica Priscila.

Inicialmente a Casa Prado localizava-se na rua nº 78 da Praça da República e hoje funciona somente nos shoppings da capital e no Rondon Plaza em Rondonópolis. Segundo Priscila e Geraldo José há possibilidade de expandirem para mais cidades do interior, mas é algo que não está concreto.

Para os netos de ‘seo’ José o segredo de tanto sucesso e da permanência no mercado se deve ao atendimento e à qualidade dos produtos oferecidos. “Tentamos oferecer ao cliente o que ele procura”, diz Priscila. Já Geraldo José diz que “A maneira que meu avô conduziu a loja é um dos segredos da loja também. Mesmo depois de sua morte, há quase vinte anos, os clientes ainda comentam o modo como os atendia. Meu avô chegou a doar terno para alguém que chegava com pouco dinheiro e iria casar”, completa Geraldo José.

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