2 de novembro de 2007

ENTREVISTA

“Não cabe a mim me avaliar como líder de Governo”.

VIVIANE PETROLI

Em entrevista ao Circuito Mato Grosso, o deputado estadual Mauro Savi (PR), afirma que sua permanência como líder de governo na Assembléia Legislativa, cabe ao governador Blairo Maggi. Essa possibilidade surgiu com a dificuldade de relacionamento verificada entre a AL e o Governo.

CMT – Recentemente o senhor, juntamente com o deputado federal Wellington Fagundes, esteve com o Ministro das Cidades, Márcio Fortes, para reivindicar recursos do PAC para outros onze municípios. O senhor acredita que estes municípios conseguirão esses recursos?

MV – Com certeza, teve esses quatros municípios maiores e agora, automaticamente, o Programa vai atingir outros municípios com menor população. Nós conversamos também sobre o FNHIS (Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social), aonde foi inserido uma série de municípios como Campo Verde, Sorriso. Pedimos ao Ministro na abertura do outro projeto, que abre dia 5 de novembro, a inclusão desses municípios que têm os investimentos aportados. É o caso de Lucas do Rio Verde, Nova Mutum, Mirassol D’Oeste, Campo Verde, Sorriso que estão recebendo investimentos de grande ordem de empresas como Sadia, Perdigão, Bondio, Friboi, Bertin, em Diamantino. Apesar disso têm carência de infra-estrutura de habitação, escola, casas, educação e saúde. A demanda tem aumentado muito e o município e o governo do Estado conseguem acompanhar. Haja vista que Lucas do Rio Verde está gerando cinco mil empregos automaticamente. Isso significa, basicamente, três a quatro mil famílias que não têm onde morar. Nada mais justo do que o Governo entrar nessa posição, juntamente com o governo federal, para fazer com que estas coisas aconteçam.

CMT – O que o Estado pretende fazer para que estes municípios recebam recursos do PAC?
MV- Parcerias. A palavra de ordem hoje do governo federal é “parcerias”. Temos uma série de municípios inadimplentes, como temos também uma série de municípios que estão aptos a receber este recurso e cabe ao governo do Estado fazer o que fez com Cuiabá e Várzea Grande. Ajudando para que estes recursos venham. Tivemos também do Ministro uma condição até alarmante, que 95% dos municípios não têm projeto hoje no Ministério das Cidades. Avisamos aos Prefeitos para que eles se insiram nesse projeto dia 5 de novembro, que é quando vai ocorrer o fechamento deste programa, para que eles sejam analisados pelo Ministro.


CMT – Como o senhor avalia o relacionamento do poder legislativo com o poder executivo?
MV – Nosso trabalho é fazer com que esses relacionamentos sejam cada vez mais próximos. Temos problemas, lógico que temos. Problemas pontuais, problemas às vezes de partidos, mas cabe a nós trabalharmos, diuturnamente, para que essas pendências sejam sanadas e que a harmonia impere entre os poderes. Seja o legislativo, seja o executivo bem como o judiciário.


CMT – Como o senhor avalia o desempenho do legislativo à frente das CPI’s? Isso seria uma forma de retaliação junto ao executivo?
MV- CPI’s se entende de uma série de formas. Uma delas é a questão técnica, que nós tentamos, como membros da CPI da Sema, pautar encaminhamento técnico. Infelizmente, às vezes, ela descamba para o lado político, o que não é ruim só para os parlamentares como para a sociedade. Não é o intuito dos parlamentares, dentro de uma CPI, que significa Comissão Parlamentar de Inquéritos descambar para a política, mas tem que ser respeitado. Todos aqui têm o mesmo direito de voto, somos 24 no colegiado, uma série de partidos, uma série de localidades, de regiões aonde tem que se ter respeito a todos. Temos aí uma suposta criação de uma nova CPI. Entendemos a questão de todos os parlamentares no que diz respeito à fiscalização. Agora também temos que entender que, com os investimentos aportados hoje no Estado de Mato Grosso, há uma preocupação muito grande, porque como nós não temos a logística nesse Estado, que seja ela próxima aos grandes centros, temos que ter mais incentivos e nesse ponto o Governo tem trabalhado. Agora nos preocupa qual é a reação desses investidores, desses empresários em cima de uma posição dentro do governo do Estado de Mato Grosso.


CMT – Atualmente o senhor é líder de Governo. Como o senhor avalia a sua atuação?
MV – Sou líder de Governo há três anos. Eu passei o mandato na reeleição do Blairo Maggi como líder do Governo. A minha avaliação tem que ser feita por quem me confiou o cargo, que é o Governador. Líder de governo na Assembléia é um cargo de confiança do Governador. É uma pessoa que tem um trânsito um pouco mais aprimorado entre os pares, que tem um jogo de cintura, de maleabilidade com uma série de encaminhamentos aqui na Assembléia, seja em projetos, seja em vetos, em posições dentro do orçamento, dentro da LOA, do PPA aonde você tem que fazer não só o jogo do governo, mas fazer com que o deputado parlamentar tenha essa resposta dentro da parte técnica das secretarias. E cabe ao deputado Mauro fazer com que os secretários ou a parte técnica das secretarias, pautada a matéria, venham aqui explicar ao deputado. E a questão de avaliação não cabe a mim me avaliar. Eu tenho a convicção de que pela minha permanência, não só no primeiro mandato, como no segundo, sou bem avaliado pelo governador e pela equipe de governo.


CMT – Há boatos de que o deputado deixará o cargo de líder de governo, é verdade?
MV – Não. Não são boatos. Isso circulou pela imprensa devido a uma discussão minha com o secretário (de Fazenda, Waldir Teis) e isso faculta a mim como faculta a ele a discordar de alguns pontos. Eu discordei de alguns pontos dele e ele discordou de alguns pontos meus. O que eu sempre faço e fiz desde o meu primeiro mandato, que é só de um ano como líder, é colocar o meu cargo à disposição do Governador na livre escolha dele. Temos aí se aproximando um pleito eleitoral e uma série de partidos que estão na base hoje, temos partidos que vieram para a base há pouco tempo, no caso do PT, cabendo a ele a minha permanência ou não. A minha obrigação como parlamentar, como parceiro deste governo, como base aliada é colocar o meu cargo à disposição dele para não dar constrangimento nenhum na sua decisão.

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