28 de fevereiro de 2008

ARTE

Teatro local: uma opção de lazer

Escolas e companhias de teatro buscam mostrar à população que Cuiabá também produz peças de teatro como opção de lazer

VIVIANE PETROLI
Especial para o Jornal Circuito Mato Grosso

Cuiabá oferece diversas opções de lazer como bares, boates, exposições de arte, shows e peças de teatro realizadas pelas Companhias locais e escolas. Porém, nem sempre esses eventos têm a devida divulgação e quando isso ocorre, tanto quem promove quanto o público ficam prejudicados.


Conforme o coordenador e professor de teatro da Escola Livre Porto, Roberto Sol, o teatro faz parte da grade curricular dos alunos assim como atividades manuais, mas somente os alunos que estão na oitava série e no 3º ano realizam grandes apresentações na cidade. “O teatro é muito importante, ele ajuda a formar a pessoa. No terceiro ano é importante para o desenvolvimento pessoal, eles têm essa atividade para vivenciar algo, para ter um olhar diferente da realidade. Na oitava série tem uma roupagem mais lúdica, eles utilizam a voz deles na sociedade. O terceiro ano é mais realista”. Ainda, de acordo com o professor, os alunos realizam apresentações desde o Jardim.

Roberto Sol afirma que a divulgação das apresentações teatrais dos alunos são encaminhadas para a mídia por meio de ‘releases’ e, além disso, os pais de alunos da oitava série patrocinam os filhos e ajudam na produção. Quanto ao 3º ano são os próprios alunos que buscam o patrocínio, montam figurino, cenário tudo com supervisão da escola. “Há 15 anos é assim que realizamos nossas peças teatrais e é assim que procuramos envolver alunos com todas as disciplinas da grade curricular, pois elas fazem parte do teatro”.

Até o momento a Escola Livre Porto Cuiabá já realizou 21 peças teatrais de grande porte com apresentações no teatro da Escola Técnica. As peças são realizadas duas vezes por ano. No mês de junho o 3º ano realiza sua apresentação, enquanto que em outubro a apresentação fica por conta da 8ª série.

“Eles interpretando vários papeis aprendem a realidade e acabam se colocando na pele das outras pessoas, isso ajuda tanto o pessoal da oitava série que está entrando na adolescência como os do terceiro ano que estão entrando na fase adulta”, fala Roberto Sol que divide as produções das peças com a diretora e professora de português Ana Maria Pagliarini.

Companhias de Teatro
As Companhias de Teatro, aos poucos, vão ganhando seu espaço no mundo da divulgação, o que ainda não é suficiente. De acordo com o ator Celso Gayoso, da Companhia de Teatro Mosaico, uma assessoria desenvolve o trabalho de divulgação junto aos veículos de comunicação da localidade aonde irão se apresentar. “Sendo assim, além da divulgação junto aos jornais televisivos e impressos, um meio eficaz e de custo baixo tem sido as mídias digitais, como ‘e-flyer’, newsletter da companhia, site da companhia e o Orkut têm se mostrado uma ferramenta de grande valia na difusão de informação”, diz Celso.


A Companhia de Teatro Mosaico foi criada em 1995, no Rio de Janeiro pelo mato-grossense Sandro Lucose, quando este ainda cursava a faculdade de Artes Cênicas na UniRio. Após o término do curso, Sandro retornou para Cuiabá onde fixou a Companhia.

“Desde a fundação, o Teatro Mosaico nunca teve um espaço fixo de apresentações. As propostas de encenação possuem um caráter flexível para viabilizar a produção, sendo assim, costumamos dizer que já fizemos desde festival cultural em Curvelândia (MT), até uma temporada em um dos mais importantes espaços da América Latina: o Centro Cultural Banco do Brasil (RJ)”. Ainda de acordo com o ator,.o Mosaico já fez apresentações em festivais no Ceará, Pernambuco, Rondônia, Paraíba, Tocantins entre outros 10 Estados e em mais de 30 cidades do Estado de Mato Grosso.
Com relação à questão de patrocínio Celso diz que “no início, a grana para montar o primeiro espetáculo (Muito Barulho Por Nada , de William Shakespeare em 1995) foi obtida com uma festa realizada pelos integrantes do grupo. A proposta da encenação ia de acordo com a disponibilidade do material: tecidos reutilizados, sacolas plásticas, tampas de garrafas, roupas de brechó... tudo isso se tornou material de trabalho do Mosaico”.


O figurino do Mosaico sempre teve senso de profissionalismo, tanto que hoje conta com a ajuda do figurinista Pedro Lacerda que assina produções da Rede Globo (Sítio do Pica-Pau Amarelo e Casa das Sete Mulheres).

Celso conta que depois do trabalho de montagem iniciou a busca por patrocínios. Hoje a Companhia de Teatro Mosaico, tem em seu currículo patrocínio e apoios da Coca-Cola, Eletronorte, Brasil Telecom, Rede Cemat, Agenda Assessoria e do Sesc São Paulo. “Além disso, tem os prêmios Caravana Funarte de Circulação Brasil Central e Prêmio Myrian Muniz por dois anos consecutivos”, lembra Celso.

Assim como as apresentações da Escola Livre Porto Cuiabá, a Companhia de Teatro Mosaico possui poucos espaços para a realização de temporadas longas. “Em Cuiabá, a realidade é um pouco diferente,também dispõe de poucos espaços para realização de temporadas e os espaços que já habitam o imaginário das pessoas (Teatro da UFMT e Sesc Arsenal) trabalham pautas para períodos de curta temporada em função da demanda de vários grupos locais”, explica Celso.

O Mosaico já chegou a realizar apresentações no teatro do Colégio Coração de Jesus, na Praça de Chapada dos Guimarães e no Horto Florestal também da Chapada dos Guimarães.
As apresentações costumam ser realizadas nas quintas, sextas, sábados e domingos e não possuem classificação etária.

Peças já realizadas pela Escola Livre Porto Cuiabá:
1995 – Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna (7ª Série)
1996 – A tempestade, de Willian Shakespeare (7ª Série)
1997 – A sombra do Rei, de Helmut Von Kungelegen (7ª Série)
1998 – Sonho de uma noite de verão, de Willian Shakespeare (7ª Série)
1999 – O burguês fidalgo, de Molière (7ª Série)
O homem de La Mancha, de Dale Wassernam (3º Ano)
2000 - Cyriano de Bergerac, de Edmond Rostand (7ª Série)
Liberdade! Liberdade!, de Flávio Rangel e Millôr Fernandes (3º Ano)
2001 – Muito barulho por nada, de Willian Shakespeare (7ª Série)
Estado de Sítio, de Albert Camus (3º Ano)
2002 – Peer Gynt, de Henrik Ibsen (7ª Série)
A Pena e a Lei – de Ariano Suassuna (3º Ano)
2003 – Noite de Reis ou o que Quiserdes, de Willian Shakespeare (7ª Série)
Um inimigo do povo, de Henrik Ibsen (3º Ano)
2004 – Turandot, de Giuseppe Adami e Renato Simoni (7ª Série)
Este ovo é um galo, de Lauro César Muniz (3º Ano)
2005 – O truão panfalão, de Nikolai Leeskov ( 7ª Série)
As casadas solteiras, de Martins Pena (3º Ano)
2006 – Peronic, Conto Húngaro – adaptação de Ruth Salles (7ª Série)
A Múmia de Tibiriçá, de Pe. Raimundo Pombo (3º Ano)
2007 – O catador de estrelas – adaptação do Conto de Henning Kohlr, de Solange Rivas (8º Ano)
O casamento suspeitoso, de Ariano Suassuna (3º Ano)

Peças já realizadas pela Companhia de Teatro Mosaico:
- Muito Barulho Por Nada , de William Shakespeare
- A Menina e o Vento, de Maria Clara Machado
- Romeu e Julieta, de William Shakespeare
- A Caravana da Ilusão, de Alcione Araújo
- Uma Mulher Vestida de Sol, de Ariano Suassuna

Um comentário:

Anônimo disse...

Muito Bom esse trabalho desenvolvido por essa escola. Eles estão de parabéns.