28 de fevereiro de 2008

Tatuagem

Pessoas desconhecem riscos

Nem todos que optam por fazer uma tatuagem se certificam se o tatuador e o local estão devidamente legalizados e nem perguntam os riscos que correm ao fazer uma tatoo

VIVIANE PETROLI
Especial para o Jornal Circuito Mato Grosso

Por acaso você já chegou a perguntar para um tatuador se ele é licenciado, se fez cursos de formação, se o local possui Alvará da Vigilância Sanitária e os métodos de higienização do local que ele utiliza? Não, então você faz parte dos 99% da população que não se preocupam com os riscos de fazer sua tatuagem.


De acordo com o tatuador Juarez Santos da Silva, mais conhecido como Guinho Tattoo, a pessoa que tiver vontade de fazer uma tatuagem, antes de tudo ao entrar na loja, deve verificar se há Alvará Sanitário, que comprova que o local foi vistoriado, depois verificar se o material utilizado está devidamente lacrado e esterilizado (no caso de materiais que não são recicláveis), validade/lote/composição da tinta, além de verificar se o tatuador possui registro para atuar em tal área. O local também deve possuir água encanada e sistema de esgoto regular.

“A maioria das pessoas chegam aqui e não perguntam nada. Já cheguei a tatuar juiz, médico, advogado e ninguém perguntou se eu tinha Alvará, como era feita a esterilização dos aparelhos, simplesmente nenhuma pergunta”.

Tatuadores devem ter formação
Muitas pessoas acham que ao adquirir um kit para fazer tatuagem já podem sair tatuando outras pessoas, mas a arte requer todo um procedimento e formação.
“Um tatuador tem que ter formação em bio-segurança, fisiologia da pele, primeiros socorros e controle de infecção”, explica o tatuador Guinho.

Material
Conforme o Sindicato dos Tatuadores do Brasil todo material que não for descartável deve ser lavado e esterilizado. Guinho explica que os materiais que não são descartáveis como tesoura (para aplicação de piercing), ou seja, que não são cirúrgicos são lavados com detergente e álcool, depois são selados e vão para o autoclave que irá esterilizar definitivamente o objeto. Produtos descartáveis como as agulhas, luvas, máscaras entre outros, são devidamente colocados em sacos de lixo hospitalar.

“Quando vamos lavar um objeto de trabalho que não é descartável usamos avental, luvas, máscara e óculos para não ter contato direto. Quando selamos e colocamos no autoclave para esterilização, anotamos a data na parte de papel do objeto selado e também um selo que controla a qualidade da esterilização”, o tatuador ainda explica que, além de todos estes cuidados, há a manutenção do autoclave para que tudo esteja em ordem.

Doenças que podem ser contraídas caso não haja cuidado devido na hora de fazer a tatuagem
Quando não tomados os devidos cuidados na hora de se fazer uma tatuagem várias doenças podem ser contraídas. Uma delas é a Hepatite C que não tem cura e quando ocorre o falecimento da pessoa, em alguns casos na certidão de óbito é atestada a morte por cirrose ou câncer de fígado por ser uma doença que é muito difícil de ser detectada.

“A AIDS é muito difícil de contrair, há controvérsias de que o vírus dura um minuto e meio fora do corpo humano. Para uma pessoa contrair a AIDS teria de tatuar duas pessoas ao mesmo tempo”, diz Guinho.

Outras doenças que podem ser contraídas são: caxumba, difteria, sífilis, hepatites que vão da A até a F, entre outras.

Cuidados com a tatuagem pronta
Existem certos cuidados após a tatuagem ser feita, que algumas pessoas também não se preocupam, como tomar sol sem usar um protetor ou bloqueador solar ou até mesmo uma pasta d’água.

Outro cuidado, além do sol, é usar papel filme durante umas cinco horas mais ou menos para ajudar na cicatrização e não entrar em contato com nenhum tipo de tecido. Passar camadas finas durante o dia de pomadas à base de vitaminas A e B e neomicina.

Para aqueles que curtem um banho de piscina, rio, mar ou cachoeira é indicado esperar 15 dias para poder aproveitar este tipo de lazer e também não remover a casca que se forma no local da tatuagem.

Após estes 15 dias de cicatrização é indicado a utilização de filtro solar e creme hidratante.

Menor de idade pode fazer tatuagem?
Segundo o Estatuto do Sindicato dos Tatuadores do Brasil menor de 18 anos somente com autorização dos pais e, mesmo assim, só se tiver acima de 16 anos.

Formulário
Quem procura o tatuador Guinho para fazer uma tatuagem ou até mesmo aplicação de piercing precisa preencher um formulário. Nele a pessoa responde os tipos de doenças que possui, se tem problemas de reação alérgica (corantes, etc), hipersensibilidade a composto químico, propensão à formação de quelóides, entre outras perguntas.

Após o preenchimento do formulário o tatuador analisa as respostas e conversa com a pessoa se fará ou não a tatuagem dependendo das respostas.
Caso a pessoa tenha problemas como reações alérgicas e hipersensibilidade a compostos químicos é feito um teste com um pingo de tinta branca ou da cor da pele atrás da orelha da pessoa. Se der alguma reação com inchaço não é indicado fazer a tatuagem.

Tatuagem no gosto da turma da melhor idade
Atualmente, pode-se ver nas ruas que não são somente os jovens que aderiram à moda da tatuagem. Algumas pessoas acima dos 40 anos hoje já estão se tatuando.

Alguns alegam que antes tinham vontade, mas tinham receio ao mesmo tempo ou porque quando novos a família não permitia.

O tatuador Guinho diz que muitas pessoas de mais idade o procuram. “Já cheguei a tatuar Juiz de 67 anos”.

Tatuagem de Henna
Muitas pessoas possuem medo de enfrentar uma agulha ou têm medo de fazer uma tatuagem e depois se arrepender e acabam optando pela tatuagem feita de Henna. “A Henna é um composto mais agressivo para a pele do que a tinta usada para uma tatuagem normal, que é à base de componentes minerais”, explica Guinho.

Crianças com menos de 12 anos não podem fazer tatuagem de Henna, pois a pele não está madura, sem contar que a Henna e o sol são inimigos um dos outro.

Se arrependimento matasse...
Após certo tempo alguns tatuados acabam se arrependendo do desenho que fizeram em certo momento da vida, tatuam o nome da pessoa amada ou um retrato dela, como se pode ver no mundo dos famosos.

Muitos dos famosos como a cantora Kelly Key que tinha tatuado em sua perna o retrato de seu ex-marido, o também cantor Latino, passou por várias sessões de remoção a laser para retirar totalmente a tatuagem, assim como o cantor também passou para tirar o retrato da cantora de seu corpo.

História da tatuagem
A tatuagem, ou tatoo como também é chamada, surgiu entre 4.000 e 2.000 a .C., conforme pesquisas arqueológicas no Egito, Polinésia, Filipinas, Indonésia e Nova Zelândia. As tatuagens nestas regiões eram rituais ligados à religião.

Na Idade Média a Igreja Católica proibiu a tatuagem na Europa, alegando ser coisa do demônio. No século XVIII tornou-se popular entre os marinheiros.
A palavra tatuagem tem origem em línguas polinésias na forma escrita “tatau”. Em francês escreve-se tatouge e em inglês tatoo.

James Cook, conhecido também como o descobridor do surf, foi quem inventou a palavra tatoo quando escreveu em seu diário “tattow”. O aparelho elétrico utilizado para fazer as tatuagens foi desenvolvido no ano de 1891 por Samuel O’Reilly. Este aparelho era parecido com o criado por Thomas Edison para marcar couro.

Durante a Segunda Guerra Mundial caiu no gosto de soldados e marinheiros que homenageavam as pessoas amadas.

A tatuagem no Brasil
Em 20 de julho de 1959 chega ao Brasil, através do porto de Santos, o dinamarquês Knud Harld Likke Gregersen, conhecido como Lucky Tatoo, que montou sua loja na região do cais e trouxe a tatuagem para o país.

Mais informações
Para quem quiser conhecer mais profundamente as Leis e Estatutos dos tatuadores pode acessar o site do Sindicato dos Tatuadores do Brasil:
www.sindicatodostatuadores.com.br

Um comentário:

Anônimo disse...

Olá, estava pensando em fazer uma tatuagem..., mas como sou analfabeta no assunto queria saber maiores informações, tais como:
*existe alguma contra indicação;
*pode fazer algum mal a minha saude;
*existe algum tipo de "teste" para avaliar se posso ou não fazer uma tatuagem;

Obrigada,
Ju