18 de julho de 2008

CINEMA

Curta traz triângulo amoroso da década de 20

“A morte do toreador” mostra um triângulo amoroso durante a Cuiabá da década de 20. Mostra desde a infância até a morte de uma das personagens, além da intolerância e do preconceito dos adultos quando as personagens ainda eram crianças

VIVIANE PETROLI
Especial para o Jornal Circuito Mato Grosso

Com um tempo estimado de 15 a 18 minutos o curta metragem “A morte do toreador” teve suas gravações finalizadas na última semana e está prestes a começar a ser editado. De acordo com o diretor, idealizador da idéia, argumento e roteirista, João Antonio Lucidio, a trama se passa em torno de três amigos, Jovino, Guel e Tereza. Estes se afastaram quando crianças por causa da intolerância e preconceito dos adultos, o que gera revolta e ódio em Guel, que 15 anos mais tarde resolve essa história na arena com Jovino, que era afilhado do Bispo que os tinha envenenado pelo seu preconceito. Enquanto que Teresa, aos 11 anos, é violentada pelo Coronel e anos depois retorna à cidade, ficando dividida entre o amor de Jovino e Guel.

“O curta conta a história de três amigos que vivem um triângulo amoroso, ambientado na década de 20 em Cuiabá e o desfecho da trama se dá durante uma tourada. A questão da briga entre Jovino e Guel ocorre porque, na infância Guel, sem querer, machuca Jovino e o Bispo, que era padrinho de Jovino, um garoto branco, envenena-o com o seu preconceito e o garoto acaba cortando laços com Guel”, explica João Antonio.

As filmagens de “A morte do toreador” foram realizadas durante oito dias entre Santo Antônio do Leverger e no Coxipó do Ouro. Todos os cenários foram construídos pela própria equipe de produção do curta-metragem e o figurino foi feito todo no Rio de Janeiro.

O curta, que é ambientado durante uma tourada. Mostra como era Cuiabá na década de 20 e por mais que Cuiabá esteja descaracterizada, por conta do tempo e também por terem de trabalhar com animais, João explica que este foi o motivo de escolherem Santo Antonio do Leverger como cenário principal.

João Antonio conta que foram dois anos de preparação para a realização do curta entre pesquisa, elaboração do roteiro, captação de recursos através do Governo Estadual e Governo Federal, preparação do ator Romeu Benedicto Lucialdo (o Toto Bodega), que faz o toreador que demorou um ano aprendendo equitação e postura corporal. “Em cenas perigosas usamos dublês vindos de São Paulo e alguns eram daqui do Mato Grosso mesmo. Os únicos atores de fora eram o Leandro Firmino, do Rio de Janeiro, que faz o Guel e participou de filmes como Cidade de Deus e Cafundó e a atriz Mariana Nunes, que é de Brasília e faz a Teresa”, conta João Antonio.

João Antonio ainda diz que por ser um curta gravado em dois períodos, ou seja, quando as personagens são crianças e adultas, utilizaram atores mirins, no qual as meninas eram do Projeto Siminina e os meninos da Escola Estadual Nossa Senhora da Penha de França, do Coxipó do Ouro.

Equipe, lançamento e festivais
Ao todo fizeram parte das filmagens 200 pessoas, sendo destes 30 pessoas da produção/técnicos, 20 do elenco e 150 figurantes.


Com relação ao lançamento do curta-metragem João Antonio diz que prevê para o inicio de 2009 pois, primeiramente, quer participar dos festivais de audiovisual e cinema, como o de Brasília, São Paulo, Gramado, Rio de Janeiro e Recife. “Pretendo enviar para todos os festivais para mostrar o filme”.


Um curta como “A morte do toreador” custa em torno de R$ 150 mil a R$ 200 mil e, de acordo com João Antonio, este curta é considerado um dos mais caros do Estado de Mato Grosso.

Quem é João Antonio Lucidio
Formado em História, João Antonio nunca chegou a dar aula para alunos do 1° e 2° Graus e sim sempre na Universidade Federal de Mato Grosso, procurou ser um historiador orientado-se sempre para o lado das pesquisas.

Estudando, hoje, doutorado em História e dividindo-se entre o trecho Cuiabá – Rio de Janeiro – Lisboa, João Antonio está pesquisando para sua tese sobre a cartografia do século XVIII e pretende dedicar-se, após as finalizações do curta “A morte do toreador”, somente aos estudos nos próximos três anos.

Desde 2000 trabalha na área do áudio-visual e também nos últimos tempos vem trabalhando com livros sobre fotógrafos brasileiros que passaram pelo Estado de Mato Grosso. João Antonio é um dos autores do livro “Mato Grosso território de imagens” lançado no último dia 16 de julho e em outubro estará lançando “Oficio e arte: fotógrafos e fotografias em Mato Grosso” que é de sua própria autoria.

“Trabalho com documentários. Escrevi a série ‘Conheça a nossa terra’ gravada por uma emissora de televisão daqui, fiz pesquisas e ajudei no roteiro de ‘Rondon – O último dos bandeirantes’ e fiz o roteiro de uma série de seis documentários sobre as danças do Estado de Mato Grosso”, conta João Antonio.

Em 2008 João fez pesquisa, argumento e foi co-roteirista de um longa dirigido pelo cineasta Joel Zito de Araújo que se chama “Sete estações”, que é uma história cuja trama se desenrola durante uma expedição que o antropólogo francês Claude Levi Strauss fez em Mato Grosso, em 1938. “Minha participação foi somente nesse longa. O filme está em fase de captação e será uma produção franco-brasileira, ou seja, parte dos recursos veem do Brasil e outra parte vem da França”, explica.

Produção em Mato Grosso
Segundo João Antonio, a produção de curtas e longa metragens, em Mato Grosso, tem crescido bastante ao longo dos últimos três anos. “Temos bastante pessoas fazendo curtas. Nos últimos anos aumentou. Temos o Amaury Tangará, o Bruno Bini, Leonardo Santana, Gloria Bues, Lenissa Lessa entre tantos outros profissionais. E há uma convivência muito saudável entre todos nós diretores. O Leonardo Santana, por exemplo, foi meu assistente de direção”.

Em 2008 os produtores estão aguardando que novas produções sejam incentivadas. Até o momento somente o curta de João Antonio e um de Bruno Bini foram gravados.

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