Da parceria entre Confraria dos Atores, Escritório Relvas & Associados e a Associação Mato-grossense dos Contribuintes, surgiu a peça que busca a retirada do marasmo das palestras e cursos extremamente técnicos voltados às pessoas que abrem seu próprio empreendimento
VIVIANE PETROLI
Especial para o Jornal Circuito Mato Grosso
No último dia 10 de junho, foi apresentada a peça “Não vem que não tem” que trata de forma bem humorada os desafios e problemas burocráticos enfrentados por uma pessoa comum ao abrir seu próprio negócio. Encenada no Sesc Arsenal, a peça é resultado de uma feliz parceria da Confraria dos Atores com o Escritório Relvas & Associados e Associação Mato-grossense dos Contribuintes.
Segundo o diretor da peça, Jan Moura, através desta problemática o espectador encontra diversos personagens, entre eles secretárias descompromissadas, senhoras burocráticas, etc. “O foco principal do trabalho é alertar para o problema tributário do país que mantém uma política de altos impostos aliada a burra burocracia que só entrava o crescimento econômico do país”, comenta Jan. O diretor conta que a iniciativa de montar o espetáculo surgiu de uma proposta feita pelo advogado e tributarista Marcos Relvas, especialista na questão e que vive a denunciar problemas/falhas nas leis tributárias. “Através de um convite feito por ele em nome de sua empresa, juntamente com a Associação Mato-grossense dos Contribuintes, no qual ele é presidente, a Confraria dos Atores mergulhou nessa temática propondo, em contrapartida, a visão mais artística do projeto. Apesar de ter um tema bem específico, a Cia. acredita que o espetáculo é um grande laboratório cênico, onde pôde testar e aprender. Um grande desafio”, explica Jan.
Abusos do fisco incentivou a peça
De acordo com Marcos Relvas, a idéia de criar a peça surgiu a partir da angústia de como os profissionais da área tributária vinham presenciando o desrespeito e o abuso do fisco que os contribuintes vinham sofrendo. Ele considera que, na maioria das vezes, os abusos do fisco são disfarçados através de atos administrativos ilegais ou inconstitucionais, onde o cidadão não consegue enxergar onde está a contradição que restringe seu direito. “Após denunciar para a sociedade esses problemas, via artigos em jornais, sites e até mesmo diretamente para as entidades empresariais, verificamos que o impacto efetivo era pequeno, dado à complexidade do sistema e, portanto da linguagem que precisa ser utilizada. A partir daí tentarmos traduzir essa complexidade para uma linguagem teatral acessível ao cidadão. O grande intuito é fazer ele refletir sobre o assunto, não pela via técnica jurídica, mas pela identificação com quadros da peça parodiados com base e fatos efetivamente ocorridos”, esclarece Relvas.
Escolha do grupo teatral, do texto e montagem da peça
Marcos Relvas conta que, junto com a Relvas & Associados e a Associação Mato-grossense dos Contribuintes, analisou o trabalho de vários grupos até chegar à Confraria dos Atores. “Selecionamos aqueles de melhor qualidade e, posteriormente, foi o próprio interesse e entusiasmo da Confraria em pesquisar sobre o assunto e desenvolver esse trabalho que determinou a escolha”, explica o advogado.
Sob orientação de Relvas, Jan Moura escreveu o texto de “Não vem que não tem”. Relvas diz que passou ao grupo da Confraria dos Atores todos os argumentos que gostaria de retratar na peça. Foram lembradas desde situações absurdas, vivenciadas por seus clientes, até partes escritas sobre o assunto. “Um trabalho árduo e compensador”, considera Relvas. “Não vem que não tem” contou com uma equipe de seis pessoas para sua realização, além é claro da colaboração da Relvas & Associados e da Associação Mato-grossense dos Contribuintes. Na Obra, Jan Moura ficara encarregado da dramaturgia, direção e iluminação. O cenário e os figurinos foram definidos pela Confraria dos Atores, a sonoplastia ficou sob o comando de Emanuel Vitor. Juliana Grisolia atuou de contra-regra. Já a encenação, contou com o talento de Talita Figueiredo, Benone Lopes e Karina Figueiredo.
O projeto da peça, que começara a ser pensado no ano passado, realizou até o momento uma única apresentação. Mas a grande aceitação deixou viva a idéia de se fazer um circuito de apresentações na Capital e no interior de Mato Grosso. Também querem alçar voos em outros Estados. “Tivemos um público de mais de 300 pessoas, público esse que nos surpreendeu, pois nossa expectativa girava em torno do número 250. Tivemos que fazer uma sessão extra para contemplar todos que estavam lá para ver o resultado da proposta”, conta Jan.
“Nós gravamos uma das apresentações e já estamos tentando agendar com a Associação Comercial e Federação do Comércio de São Paulo uma apresentação em vídeo a eles. Também devemos levar uma cópia para a Fiesp que tem atuado de maneira firme contra os abusos tributários”, completa Relvas.
Em relação à montagem de um espetáculo, Jan Moura diz: “depende muito do espetáculo e da proposta, seja produções baratas, como é o caso do nosso espetáculo, bem como superproduções que podem extrapolar mais de milhões”.
Para um espetáculo como o “Não vem que não tem”, apenas a montagem gira em torno de R$ 4.500,00, conforme revela Jan. Segundo ele, cada apresentação custa R$ 1.500,00, fora os custos com transporte, estadia e alimentação, quando a peça acontece em outros municípios. Para pagar o belo espetáculo, foi preciso contar com o patrocínio e/ou apoio cultural das Lojas Avenida, FOREMAT, Sistema Fecomércio e OAB. Jan lembra que não fizeram nenhum tipo de solicitação de incentivo por parte da Secretaria Municipal de Cultura de Cuiabá por entenderem que, neste caso, o incentivo não deveria ser por meio do mercado.
O empresarial e o teatral
Existem alguns assuntos que são complicados de se tratar no teatro, por exemplo, a questão abordada pela peça “Não vem que não tem”, ou seja, os problemas das pessoas comuns que querem abrir seu próprio negócio e encontram pela frente problemas como o desrespeito e o abuso do risco contra os contribuintes. Relvas fala que a Confraria dos Atores soube usar todo o seu talento e dedicação para passar ao público estes problemas. “Essa parte artística coube ao talento da Confraria dos Atores que, se não fosse um trabalho sério e dedicado de pesquisa, leitura de material técnico, entrevistas e conversas, estou certo que não teria tido o sucesso”, salienta o idealizador do projeto.
Presença de peso
Compareceram para assistir à apresentação, representantes de Órgãos públicos, empresários, juízes, procuradores, políticos, advogados e outros.
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