Melhor Idade busca na hidroginástica, musculação e dança benefícios para sua saúde, além da convivência com pessoas de sua geração, sair da depressão e dividir problemas
VIVIANE PETROLI
Especial para o Jornal Circuito Mato Grosso
Hoje, no Brasil, terceira idade é considerada a pessoa que se encontra acima dos 60 anos, enquanto que nos países de primeiro Mundo são pessoas que estão acima dos 65 anos. Atualmente, idosos brasileiros entre 60 e 65 anos caminham para atrasar também o relógio. Eles procuram realizar atividades físicas para sair da rotina, melhorar sua condição física, sair da depressão e até mesmo da solidão.
De acordo com o professor de hidroginástica da Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT - Koite Anzai, desde 1995, são ministradas aulas para idosos na piscina da Universidade, através do Programa de Atividades Aquáticas, desenvolvido por ele.
Koite conta que o programa é um trabalho de extensão, onde são iniciados trabalhos com pessoas acima dos 45 anos. Quando idosos acima dos 60 anos chegam para fazer aula, já estão com algum tipo de doença crônica não transmissível como a diabetes, a hipertensão, a osteoporose, a artrite, a depressão entre outras.
Hoje, cerca de 90 pessoas estão inscritas para fazer, nas segundas e sextas-feiras, das 16h às 17h, aula de hidroginástica e às quartas-feiras, das 14h às 16h30, musculação na academia do ginásio de esporte da Universidade. “Na musculação fazemos sessões de 30 minutos com grupos de 10 a 15 pessoas”, diz Koite.
Koite explica que as atividades físicas proporcionam inúmeros benefícios para a saúde dos idosos como a hidroginástica e a musculação e também o psicológico e o emocional, uma vez que muitos idosos são pessoas viúvas, solitárias e muitas vivendo com familiares. São pessoas retraídas que não participam de decisões familiares, não participam de atividades sociais, ficando isoladas, baixando assim sua auto-estima e as levando à depressão.
“A partir do momento que a pessoa passa a conviver com o grupo, passa a se relacionar, falar dos mesmos problemas que as afetam na terceira idade”, diz Koite.
Atividades realizadas em três etapas
Koite conta que as atividades de hidroginástica, na piscina da UFMT, são realizadas em três etapas, sendo a primeira um trabalho aeróbico como caminhadas, na piscina, entre 20 e 40 minutos. “As atividades, no ponto de vista físico, melhoram a condição física e cardiorespiratória, que tem como objetivo, aumentar a capacidade de captar o oxigênio dos pulmões e transportá-lo para todo o organismo. Nisto melhora-se a resistência para a realização dos trabalhos da vida diária, além de melhorar a circulação sanguínea”, explica.
O professor ainda conta que pessoas acima do peso têm como benefício a queima de calorias que estão em excesso. “Após uma refeição o alimento ingerido é transformado em açúcar e durante uma atividade aeróbica (nadar, correr e andar de bicicleta), nos primeiros 20 minutos utiliza-se, predominantemente, a glicose existente no sangue. Após 20 minutos acaba-se essa glicose e começa a solicitação da gordura que está depositada nos panículos (saquinhos de gordura existentes no corpo). Desta forma a atividade aeróbica é importante para se evitar as doenças como diabetes, hipertensão entre outras”, explica Koite.
A segunda etapa da hidroginástica para a terceira idade, realizada na UFMT, são atividades de desenvolvimento da resistência e força localizada. Koite diz que hoje a indústria da beleza e da estética corporal exigem que as pessoas modelem seus corpos, com a finalidade de atração sexual, ao invés de exigirem um cuidado com a saúde.
Koite diz que a mídia da atualidade contribui muito para que esse tipo de exigência exista, pois ela diz que a felicidade das pessoas, hoje, está no sexo ao invés de mostrar que a pessoa pode ter prazer realizando uma atividade física, fazendo trabalho manual, ter prazer em fazer seu trabalho, entre outros.
“Na realidade, a atividade física efetuada através da ginástica localizada e da musculação nas academias, deveriam ter como objetivo o desenvolvimento e a manutenção da força muscular, desde a infância até a velhice, pelo fato de que se a pessoa não tiver força muscular, não conseguirá sustentar o seu sistema esquelético e os órgãos internos”, diz Koite.
Koite explica ainda, que muitos dos idosos que não praticam estes tipos de atividade poderão passar pelas seguintes etapas durante sua velhice:
Independente: consegue levantar-se ou sentar-se da cadeira, da cama, do sofá, etc. e locomover-se com facilidade e sozinho;
Apoio: a pessoa passa a precisar apoiar-se em algo para poder se levantar ou se sentar, mas ainda consegue locomover-se com facilidade e sozinho;
Ajuda de pessoas: necessita de uma pessoa que a auxilie para levantar-se ou para sentar-se. Nesta etapa já apresenta alguma dificuldade para se locomover sozinho;
Sem forças: não possui forças para ficar em pé, mesmo com o auxilio de alguém. Precisa ser transportado para a realização de suas necessidades básicas, tomar banho, alimentar-se, deitar-se, pois já não possui mais forças para mover os braços;
Dependência total: não consegue mais se levantar sozinho e nem ficar sentado, fica totalmente acamado. Vinte e cinco por cento dos idosos chegam a esta etapa.
A terceira e última etapa dos exercícios realizados na piscina da UFMT é o desenvolvimento do relaxamento muscular e da flexibilidade articular. “Todo o corpo possui articulações, se não realizar sistematicamente exercícios, estas podem atrofiar-se. As articulações são flexíveis (móveis) devido à existência do liquido sinovial. A falta de exercícios diminui esse liquido, deixando as articulações enrijecidas. As pessoas não conseguem mais tomar banho, calçar o sapato, vestir-se, abaixar-se, etc”, esclarece Koite.
Além do relaxamento muscular e da flexibilidade articular, na terceira etapa ainda é realizada uma automassagem para a eliminação de dores musculares e articulares e, para finalizar, realiza-se exercícios respiratórios.
“Normalmente as pessoas efetuam a respiração torácica, onde enchemos apenas 70% das nossas vias respiratórias. Ao apreender a respiração diafragmática os alunos apreendem a encher em 100% as vias respiratórias. Ao efetuar a respiração diafragmática, ocorre a maior oxigenação e a massagem dos órgãos digestivos, assim como do rim, baço, fígado, coração e pulmões”, explica Koite.
Dançar também faz bem para a melhor idade
Durante quatro anos Maria Francisca Lima Thomah de Aquino, hoje com 67 anos, fez aulas de dança, mas há três não pratica mais e mesmo assim, não deixou a dança de lado. Às vezes sai para dançar em bailes que ocorrem em Cuiabá.
Maria Francisca conta que na época em que começou a fazer aula, várias pessoas da terceira idade também estavam fazendo. “Saio fora de mim quando estou dançando, sinto-me leve”, conta Maria Francisca.
Assim como dona Maria Francisca, muitas outras pessoas que hoje se encontram na melhor idade, como gostam de dizer, estão buscando nas academias de dança não só aprender a dançar, mas também uma atividade física diferente e uma forma de interagir com pessoas que possuem sua idade e também com jovens que também estão fazendo aula.
Uma das funções que a dança proporciona é a terapêutica, tanto para jovens, adultos e pessoas da terceira idade, ou seja, ela é uma terapia ocupacional para aliviar a pressão mental sofrida pelas pessoas por conta da rotina diária. Outro benefício proporcionado pela dança é levar o praticante a estados de leveza, liberdade, alegria e descontração, combatendo, com isso, o stress, a tensão muscular e também a ansiedade.
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