Com finalidade de lançar trabalhos de artistas em sites especializados em música, DJ Farinha cria selo
VIVIANE PETROLI
Especial para o Jornal Circuito Mato Grosso
Ele tem 33 anos e, acidentalmente, nasceu no município de Rondonópolis, a 215 quilômetros de Cuiabá, enquanto sua mãe realizava uma viagem pela região sul do Estado de Mato Grosso. Rodrigo Farinha ou DJ Farinha, como todos o conhecem, apesar deste incidente, como diz, se considera na verdade um cuiabano nato e de pé rachado, por viver em Cuiabá desde os seus primeiros meses de vida.
Músico desde os 15 anos Farinha, em 1997, então com 22 anos, formou-se em jornalismo e, desde então, procura conciliar suas atividades profissionais entre o jornalismo e a música. Farinha conta que se considera mais músico do que propriamente um DJ, pois desde que começou a trabalhar com a música, tem procurado fazer suas próprias músicas, o que para ele é o maior desafio de um artista da música eletrônica - criar e tocar suas próprias músicas. “No começo do ano 2000 fazia parte de uma banda de acid jazz, o Papo Amarelo. Como todas as bandas desse estilo incomum, tínhamos muitas sonoridades oriundas de sintetizadores, o que me fazia interessar cada vez mais pela música eletrônica, até que em 2001, passei a me apresentar também como DJ”, diz Farinha.
Mercado de trabalho
Segundo Farinha, hoje a profissão de DJ possui um espaço de grande destaque no cenário musical, devido aos avanços tecnológicos para este mercado de trabalho, o que vem proporcionando novas maneiras de se fazer música. “A música de uns anos pra cá, vem ganhando mais peso, principalmente quando falamos das frequências mais graves. Além disso, ela passou a ser criada também através da manipulação de sonoridades modernas e inovadoras, através do advento do computador”, conta Farinha.
Farinha ainda diz que este é um mercado de trabalho que está crescendo de forma absurda, pois faz com que os profissionais tenham muita criatividade e ousadia para poder conseguir destaque. “Como se trata de uma música ligada à tecnologia, os artistas também precisam entender de design gráfico, marketing pessoal, além de ter muitos contatos importantes. Uma coisa que vêm prejudicando este mercado é a prostituição e desvalorização do artista, devido ao grande número de aventureiros de primeira viagem que se intitulam ‘DJ’”, diz.
CD e eventos fora de MT
Papo Amarelo foi lançado em 2000 e é considerado um trabalho à frente da época em que se vivia em Cuiabá. Farinha diz não trabalhar mais hoje com gravação de CD devido à sua demora para produzir o material e também devido às suas limitações no mercado.
Ultimamente, Farinha tem lançado muitos trabalhos internacionalmente no formato mp3. Ele conta que a vendagem de música pela Internet, através de sites especializados no formato mp3, tem se mostrado o melhor caminho seguido por artistas e bandas da música eletrônica. “Costumo sempre mesclar minhas tracks (músicas) com as de outros artistas, mas como já havia dito, o meu principal objetivo, é um dia fazer um set que seja pelo menos 80% autoral”, declara.
Além de eventos pelo Estado de Mato Grosso, Farinha vem participando de eventos em outros Estados, como em 2003, onde participou do Festival Ecosystem, em Manaus, na Amazônia. Conforme ele, o evento costumava reunir artistas de todas as partes do mundo e dos mais diferenciados estilos e gêneros da música eletrônica. Já em 2006, ao lado do produtor e DJ Mateus B, participou com casting de artistas da Academia Internacional de Música Eletrônica de Curitiba, a AIMEC. Estes artistas se apresentaram no Chemical Music, que desde então é considerado um dos maiores festivais de música eletrônica realizado no Brasil.
Selo musical próprio
Pântano Beat Records, este é o nome do selo musical criado este ano por Farinha e que vem a ser o terceiro selo ao qual participa. “O primeiro foi o Brazuka Records, que hoje se encontra sobre a responsabilidade do Mateus B, o qual não tenho mais nenhuma participação. Outra label (selo, etiqueta) que participo é a Bleep Bloop Records, a empresa virtual que foi criada junto a outros artistas mato-grossenses: Hugo Dias, Thiago Almeida, LC Junior e Felini”,explica.
De acordo com o músico, como se intitula, a principal finalidade de um selo musical, como estes ao qual participa e já participou, é a de lançar os trabalhos de artistas nestes sites especializados em vendas de músicas pela Internet. “O mais inacreditável nisso tudo, foi que o primeiro site a vender os nossos trabalhos foi o Beatport, considerado o melhor e o detentor de maior credibilidade do mundo. Segundo Jorge Brea, representante da minha atual distribuidora ‘Symphonic Distribution’, sediada em Miami, nos Estados Unidos, tudo foi uma questão de sorte e identificação. Pois além das músicas terem qualidade, a logo do Pântano Beat (representada pelo desenho de um tucano tirando uma onda de DJ), caiu muito bem no gosto dos gringos”, conta.
Cultura eletrônica em MT
Para Farinha, o Estado de Mato Grosso hoje passou a ter a sua própria identidade na área da música eletrônica e que está prestes a entrar em sua terceira geração de clubes, que seguem o campo do eletrônico, quando será inaugurado no mês de novembro em Cuiabá o Clube Garagem, que é uma filial do clube já existente de muito sucesso em Campo Grande, capital do Mato Grosso do Sul.
“Em outras cidades de nosso Estado como Rondonópolis, Cáceres, Barra do Bugre, Tangará da Serra, Sorriso e Sinop, a cena de música eletrônica chega a surpreender até mesmo os que vivem na capital, pois suas festas crescem cada vez mais e já são palcos de atrações internacionais”,diz.
Abertura de portas fora do Estado
Com relação à abertura de portas para profissionais da música eletrônica mato-grossense em outros Estados, como São Paulo, Rio de Janeiro, Distrito Federal, Minas Gerais entre outros onde a música eletrônica também é muito curtida em casas noturnas e outros tipos de eventos, Farinha alega que um dos maiores problemas entre Mato Grosso e estes Estados está relacionado à distância, no qual o custo da passagem aérea é o que mais influência este problema. “Mas isso não quer dizer que os artistas daqui não se apresentam nesses lugares. Os mato-grossenses têm viajado cada vez mais longe para se apresentarem e não será nada estranho quando começarem a ultrapassar as fronteiras deste país”, afirma.
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