Mato-grossense realiza estudo inédito
Mestre em lingüística Áurea Cavalcante Santana é a única brasileira a estudar a língua esquecida dos Chiquitanos, povo indígena que até 1998 era desconhecido no Brasil
VIVIANE PETROLI
Especial para o Jornal Circuito Mato Grosso
Os Chiquitanos é um povo indígena que vive na fronteira do Brasil com a Bolívia. No Brasil, eles não eram conhecidos até por volta de 1998, quando no trabalho de pesquisa de impacto ambiental para a construção do gasoduto, antropólogos encontraram as comunidades no país. Em 2003, juntamente com a linguista Ema Marta, Áurea Cavalcante Santana começou um estudo sobre os Chiquitanos, onde fez a descrição fonética e fonológica, além dos estudos históricos e comparativos. Enquanto Áurea ficou com esta parte dos estudos, Ema por sua vez, era responsável pelo levantamento sociolinguístico. Já são cinco anos de pesquisa. Um histórico comparativo e de resgate que virarão tese de doutorado. “Estou há cinco anos estudando a língua chiquitana do Brasil. O povo pertence tanto à Bolívia quanto ao Brasil. No nosso país, o povo Chiquitano fica no município de Porto Espiridião, divisa do Mato Grosso com a Bolívia”, explica Áurea.
VIVIANE PETROLI
Especial para o Jornal Circuito Mato Grosso
Os Chiquitanos é um povo indígena que vive na fronteira do Brasil com a Bolívia. No Brasil, eles não eram conhecidos até por volta de 1998, quando no trabalho de pesquisa de impacto ambiental para a construção do gasoduto, antropólogos encontraram as comunidades no país. Em 2003, juntamente com a linguista Ema Marta, Áurea Cavalcante Santana começou um estudo sobre os Chiquitanos, onde fez a descrição fonética e fonológica, além dos estudos históricos e comparativos. Enquanto Áurea ficou com esta parte dos estudos, Ema por sua vez, era responsável pelo levantamento sociolinguístico. Já são cinco anos de pesquisa. Um histórico comparativo e de resgate que virarão tese de doutorado. “Estou há cinco anos estudando a língua chiquitana do Brasil. O povo pertence tanto à Bolívia quanto ao Brasil. No nosso país, o povo Chiquitano fica no município de Porto Espiridião, divisa do Mato Grosso com a Bolívia”, explica Áurea.
Além de Áurea e de Ema, outros dois linguistas estudam a língua chiquitana - o holandês Harry De Hann e a austríaca Sieglinde Falkinger. Mas eles se dedicam à língua na Bolívia. Áurea e os dois linguistas estrangeiros participaram, neste primeiro semestre de 2008, de um Congresso Internacional Chiquitano, na Bolívia, para discutir a questão das missões. “Foi uma oportunidade para nos conhecermos e estarmos juntos e também discutir a questão da língua, além de ver o que cada um tem conseguido avançar em seus estudos”, diz Áurea.
No Brasil há 20 comunidades chiquitanas identificadas até o momento, mas apenas duas comunidades são pesquisadas por Áurea. Nessas duas comunidades estudadas, a língua chiquitana não é mais falada, mas ainda encontra-se na memória da comunidade, principalmente dos mais velhos. Os habitantes dos povoados de Acorizal e Fazendinha também não falam o português fluentemente. Áurea conta que quando iniciaram as pesquisas, havia apenas cinco idosos que ainda falavam a língua. “Hoje são apenas quatro”, conta. No Brasil, estima-se que haja em torno de dois mil Chiquitanos, enquanto que na Bolívia são mais de 40 mil.
Projeto revitalização da língua
Ema e Áurea estão com uma proposta de definição da ortografia chiquitana no Brasil. Segundo Áurea, hoje, os Chiquitanos falam o português e o espanhol e com este projeto querem ensinar-lhes novamente a sua língua. “Desde o início percebemos que as crianças já estão aprendendo mais sobre sua origem. Falam pequenas palavras como gato e cachorro e estão cantando em sua língua. Os mais velhos estão ensinando os professores indígenas a falar o chiquitano para repassar às crianças. É emocionante de ver”, salienta Áurea.
As crianças chiquitanas hoje cantam em sua língua de origem e depois traduzem para o português. Um exemplo disto é a música do “Sapo Cururu”. “Saber que a língua está circulando na comunidade é emocionante. Há cinco anos nem lembravam da existência da língua. Isso é um projeto para a vida toda”, diz Áurea.
Faculdades indígenas em Mato Grosso
Atualmente, antropólogos mato-grossenses também ajudam professores na faculdade indígena da Universidade de Mato Grosso (Unemat) a discutirem a questão das línguas indígenas. A Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT) hoje, oferece cursos como medicina e enfermagem para os povos indígenas, através de um vestibular especial. Para 2008, foram disponibilizadas seis vagas para medicina, seis para enfermagem entre outras vagas para outros cursos. A Unemat já oferece licenciaturas para formar professores indígenas nas áreas de ciências biológicas, matemática da terra e em linguagem. Áurea, que é funcionaria da Funai e professora em uma universidade privada, diz ter vontade de dar aula na faculdade indígena da Unemat para trabalhar na formação de professores indígenas.
Parcerias com linguistas estrangeiros
Áurea já possui um trabalho marcado com o holandês Harry De Haan. Os dois pretendem se encontrar na Missão de Sant’Ana, na Bolívia para unir seus conhecimentos para, quem sabe, lançar um livro. “A Universidade Federal de Goiás lançou recentemente o livro ‘Estudos sobre os Chiquitanos no Brasil e na Bolívia: História, Língua, Cultura e Território. Em breve estará lançando, em espanhol, na Bolívia”, diz Áurea. Ela completa que vai acumular recursos para custear o lançamento de um livro sobre os resultados de sua pesquisa.
Povos no Brasil em números
Em Mato Grosso encontram-se 38 povos indígenas falando línguas diferentes e com costumes diferentes. No Brasil, são cerca de 180 línguas indígenas faladas. E no ano de 1.500, quando o país foi descoberto, estima-se que existiam mais de 1.200 línguas indígenas.
2 comentários:
Lindo trabalho, eu tenho um amigo que é chiquitano e ele só fala chiquitano com a familia, para ele isso é algo sério. Continuem com este excelente trabalho!! Eu amo estudar Aymara, Quechua e Guarani, mas, já estou pensando tb no chiquitano.
Um grande abraço a todos!!
martins.haniel@gmail.com
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