10 de abril de 2008

AUDIOVISUAL

Cresce o número de produções em MT

Apesar de Mato Grosso não ser visto com bons olhos em outros Estados com relação à produção audiovisual a atividade vem crescendo dentro do Estado a cada dia

VIVIANE PETROLI
Especial para o Jornal Circuito Mato Grosso


Paulo Traven - foto arquivo pessoal do Paulo
A arte do cinema teve seu início em 28 de dezembro de 1895, em Paris, com os irmãos Louis e Auguste Lumiére com a exibição do filme “A Chegada de um Trem”, que é o primeiro filme da história do cinema.

Hoje o cinema é considerado a sétima arte e teve seu nascimento vindo da fotografia. No Brasil o cinema foi chegar somente em 8 de julho de 1896, por meio de Pascoal Seguetto e José Roberto Cunha Sales, que por sinal, exibiram o mesmo filme seis meses antes em Paris. Já no Estado de Mato Grosso o cinema foi chegar somente no inicio do século XX, mais precisamente em 1908.
Segundo o geógrafo e membro do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso, Aníbal Alencastro, nos últimos anos a produção cinematográfica no Brasil vem crescendo gradativamente, tanto no campo de curtas quanto de longa metragem. “O primeiro documentário gravado no país foi sobre a expedição Rondon”.

Produção Audiovisual em Mato Grosso
De acordo com o produtor audiovisual e idealizador do curso de pós-graduação em Cinema realizado pelo Museu da Imagem e Som (MISC), José Paulo Traven, as produções audiovisuais no Estado têm crescido mais do que o esperado. “Temos mantido uma regularidade com a produção de curtas captados e finalizados em película 35mm. De 2006 pra cá temos cinco curtas, dos quais dois estão para ser lançados, temos muitos realizadores produzindo seus vídeos em suporte digital, que tratam da grande diversidade cultural de Mato Grosso, retratados nos documentários diversos”.

Pós-graduação em Cinema
O curso de Pós-graduação em Cinema de Mato Grosso conseguiu obter uma boa procura por parte dos profissionais da área de Comunicação Social. Segundo Paulo Traven foram 112 inscritos e escolhidos, após processo de seleção, 50.


“Este curso se mostrou um projeto de imenso sucesso, pois conseguimos agregar as melhores cabeças do cinema nacional, temos a coordenação pedagógica de Joel Zito Araújo, tivemos aulas ministradas por Maurice Capovilla, Inimá Simões, Silvio Darin que é o atual secretário do audiovisual do Ministério da Cultura, José Carvalho, David Tyguel, Rodrigo Fonseca (O Globo), Assunção Hernandez, Sérgio Penna (Carandiru), Luiz Carlos Lacerda, entre outros”, conta Paulo Traven que diz já estar buscando parcerias para uma segunda edição do curso.

Lei de Incentivo à cultura no Estado de Mato Grosso
Conforme Traven existe incentivo por parte do Ministério da Cultura, que vem disponibilizando editais para produções de curtas, documentários, animações entre outros.

“No Estado temos o Fundo de Fomento à Cultura que é o único instrumento possível para as produções serem realizadas e que tem financiado todos os filmes de Mato Grosso. No município de Cuiabá, temos um edital que se chama Cuiabá Cidade Arte, que tem premiação para a realização audiovisual”.

De acordo com Aníbal Alencastro, os projetos inscritos na Secretaria de Estado de Cultura passam por uma avaliação do Conselho Cultural e as verbas liberadas são conforme o tamanho do projeto.

Festivais de Cinema
Em Cuiabá, anualmente é realizado o Festival de Cinema e Vídeo. O Festival é realizado há cerca de 15 anos. Em 2008, o tema será o Centenário do Cinema em Mato Grosso. Em todo o país são realizados 200 festivais.

Paulo Traven afirma que no interior do Estado a produção audiovisual também é significativa, dado o número de pessoas que se inscreveram no curso de pós-graduação em cinema. “Temos um Festival que está indo para a segunda edição que é o Festival Floresta, realizado em Alta Floresta”.

Gente que faz e acontece
Há nove anos em Cuiabá, o técnico de áudio Aroldo Maciel, mais conhecido como “Carioca” vem se destacando na produção audiovisual no Estado. Maciel conta que quando chegou em Cuiabá, para trabalhar como músico e técnico em áudio num estúdio na cidade, no qual produzia trilhas sonoras para documentários e filmes, recebeu um convite de Bárbara Fontes para produzir a trilha sonora de um documentário. “Durante essa produção eu percebi que para eu entrar para o ramo seria fácil”.

Carioca fez cinco documentários onde foi produtor e diretor, além de outros quatro onde participou com trilha sonora e edição. “Eu vejo que devido à maioria das pessoas terem câmera, todos querem produzir algo, todo mundo tem pelo menos um vídeo no YouTube e quanto mais se faz mais se aperfeiçoa, motivo pelo qual acho que a tendência, tanto em Mato Grosso quanto no país, é de aparecerem grandes produtores”.

Filmagens na África
Recentemente, Maciel passou um mês na África filmando o documentário “Missões na África – De volta ao berço da civilização” sobre o fim do Apartheid, ocorrido há 12 anos. “Quando recebi o convite da organização não-governamental Missão Internacional África para Cristo (MIAPAC) para fazer um documentário, pensei que não seria muito bom o tema, pois envolveria religião, mas quando pisei na África vi que tinha um furo nas mãos”.

Aroldo conta ainda que teve que entrar como turista no país para poder realizar as filmagens, pois as autoridades locais quando veem que alguém chega no país com filmadoras já encaminham para “um roteiro fabuloso para filmar pinguins do trópico, leões, elefantes e cidades como Johanesburgo”.

“Como eu já fui com um objetivo entrei como turista, fui direto para o Campo de Bekkerdal para coletar material sobre como vivem a maioria dos sul-africanos sem condições de vida, doze anos após o fim do Apartheid”.

Lei de Incentivo
Aroldo conta que todas as vezes que trabalhou em projetos que envolviam a Secretaria de Estado de Cultura eram projetos de outras pessoas. “Talvez porque meu nome só tenha valor entre as pessoas que fazem o audiovisual em Mato Grosso e não as que aprovem. Fui sempre contratado por pessoas que tiveram seus projetos aprovados, mas de qualquer forma acho muito válido, pois de qualquer maneira fomenta o audiovisual”.

Leis
Lei Rouanet
Criada em 23 de dezembro de 1991, a Lei Rouanet, Lei Federal 8.313, permite que empresas, patrocinadoras da cultura, abatam até 4% no imposto de renda, desde que estes já disponham de 20% do total já pleiteado.

Os projetos culturais, para serem enquadrado na Lei, devem passar primeiramente pela aprovação do Ministério da Cultura, sendo apresentados à Coordenação Geral do Mecenato e ter a aprovação da Comissão Nacional de Incentivo à Cultura.

Lei do Audiovisual
Assim como a Lei Rouanet que dá incentivo às produções culturais, o Ministério da Cultura criou também a Lei do Audiovisual, Lei Federal 8.685, que permite o desconto fiscal para quem for comprar cotas de filmes que estão em fase de produção. O desconto é de 3% para pessoas jurídicas e de 5% para pessoas físicas sobre o imposto de renda.

A Lei do Audiovisual foi criada, em 20 de julho de 1993, para atividades audiovisuais e tem como mecanismo o incentivo fiscal.

De acordo com a Lei 8.685/93, “Sua ação veio a se somar aos mecanismos previstos na Lei de Incentivo à Cultura, que se aplicavam e continuam a se aplicar também à atividade audiovisual. Um projeto audiovisual pode, assim, beneficiar-se dos dois mecanismos concomitantemente, desde que para financiar despesas distintas”.

Quem quiser receber incentivos deve apresentar seu projeto, por meio de formulário próprio, à Secretaria para o Desenvolvimento Audiovisual do Ministério da Cultura. Estes projetos deverão indicar os valores a serem utilizados e a prestação de contas, após a conclusão.


* Foto de Aroldo Maciel faz parte de seu arquivo pessoal.

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