População de Cuiabá ainda sofre com problemas no transporte coletivo, tanto com a falta de ônibus e superlotação quanto com relação ao preço da tarifa
VIVIANE PETROLI
Especial para o Jornal Circuito Mato Grosso
Cuiabá sempre apresentou problemas com o transporte coletivo, mas de alguns anos para cá esse quadro tem piorado. Segundo o vereador Luiz Poção, relator da CPI do Transporte em Cuiabá, são inúmeras as irregularidades no município com relação ao transporte público, que vão desde o estado da frota à questão da tarifa e das multas e taxas das concessionárias que não são cobradas como deveriam ser.
Cuiabá hoje conta com uma frota de aproximadamente 400 ônibus, além de microônibus, que atendem a população de Cuiabá em 92 linhas. Das três empresas que atuam no município, somente a Pantanal Transportes Urbanos atua com uma frota de 210 ônibus operando em 44 das 92 linhas.
“Em 2005 entregamos ao Ministério Público e ao prefeito Wilson Santos vinte e um fascículos de relatórios que apontavam as irregularidades do transporte coletivo em Cuiabá. Ainda não obtivemos respostas do Ministério Público e de lá para cá o prefeito Wilson Santos disse que ouve modificações e melhorias. Dizem que foram entregue 175 ônibus novos, mas ninguém sabe aonde estão estes ônibus”. Essa constatação, segundo Poção, se justifica pelo fato da população de Cuiabá ainda estar reclamando da superlotação enfrentada nos coletivos diariamente.
Poção afirma que até hoje a CPI do Transportes não viu a Procuradoria do Município cobrar das empresas concessionárias as multas e taxas que deveriam ser cobradas por estas irregularidades e para continuar operando. “Em dezembro de 2008 vence o prazo de concessão em Cuiabá e no edital, o prefeito pode prorrogar por mais cinco anos, caso as empresas não tenham nenhuma irregularidade”. Ainda segundo o vereador, esse não é o caso das empresas que atuam no transporte coletivo da capital.
Tarifa
Conforme Poção, a tarifa do ônibus em Cuiabá está superfaturada. Em 2003 quando a tarifa era para ser R$ 1,05 o reajuste foi para R$ 1,20, em seguida passou para R$ 1,60 quando em março de 2006 sofreu um novo reajuste, passando a ser R$ 1,85 e em 2007 em novo reajuste passou a ser R$ 2,05.
“A prefeitura deveria ter cobrado melhoria no transporte ao invés de colocar a Procuradoria a favor dos empresários. A prefeitura está a favor das concessionárias”, diz Poção, que ainda diz que a população deve ficar de olho no transporte, por que há negociações ocultas nos bastidores de um grande empresário do sistema de transporte coletivo ser prestigiado, independente de o atual prefeito ganhar ou não nas próximas eleições.
Copa 2014
Poção diz que já se passaram três anos desde que entregaram o relatório de 21 fascículos para o Ministério Público e para a prefeitura de Cuiabá e, até o momento, pode-se ver somente o “sepultamento” destes relatórios.
O vereador ainda diz que o que pesa para Cuiabá não participar da Copa de 2014 é a questão do transporte coletivo e que a própria Fifa comprovou este problema, fazendo com que diminuam as chances de Cuiabá sediar algum jogo.“O nosso transporte coletivo é um verdadeiro caos”, diz Poção.
Projetos para o Transporte Coletivo
Entre tantos projetos da Câmara Municipal de Cuiabá para melhoria da cidade, está o projeto de mudança das catracas do ônibus. Conforme Poção este projeto é para passar as catracas um pouco mais para o fundo dos ônibus, pois o passageiro está perdendo tempo de integração dentro do coletivo, pelo fato de as catracas serem próximas ao motorista, fazendo também com que idosos e gestantes não tenham espaço na frente que lhes é reservado.
“Levamos este projeto para o Sindicato dos Motoristas e eles aprovaram esta idéia, já o prefeito me chamou de louco”, conta Poção.
Até o fechamento desta edição a reportagem não obteve respostas por parte da Secretaria Municipal de Transito e Transporte de Cuiabá e não conseguiu entrar em contato com a MTU.
O transporte coletivo em Várzea Grande
O que diferencia o transporte coletivo de Várzea Grande para o de Cuiabá é a questão de que no município, apenas uma única empresa opera, enquanto em Cuiabá são três empresas que fazem as linhas.
De acordo com o secretário da Superintendência de Transporte Urbano, de Várzea Grande, Cel. Luis Nelson da Silva, assim como em Cuiabá e qualquer outro município é realizado um processo licitatório para ver quem obterá a Concessão de Várzea Grande que dura 10 anos, podendo ser prorrogado.
Em Várzea Grande quem possui a Concessão do transporte coletivo é a empresa União Transporte, do empresário Rômulo Botelho, que também possui a Concessão do Transporte Coletivo Intermunicipal entre Cuiabá e Várzea Grande.
Hoje a União Transportes opera em Várzea Grande com uma frota de 67 ônibus e a partir do dia 25 de abril passará a operar com 77 ônibus mais 10 reservas. No município nenhum ônibus pode operar com mais de oito anos.
No transporte intermunicipal não é cobrada taxa de uso
Em dezembro de 2006, o governador Blairo Maggi, por meio da Agência Estadual de Regulação dos Serviços Públicos (Ager), a Secretária Municipal de Trânsito e Transportes de Cuiabá e a Superintendência de Transporte Urbano de Várzea Grande entregaram à população das duas cidades o novo sistema de transporte intermunicipal, após período de mais de 20 anos sem licitação.
A empresa vencedora da nova licitação foi a União Transportes, que também atua em Várzea Grande, que concorreu com mais três outras empresas de outros Estados, à concessão para operar entre as duas cidades.
De acordo com a assessoria da Ager, a concessão atual é para operar durante 15 anos e neste período a União Transporte estará sob a fiscalização e regulação do Estado ou municípios. A assessoria ainda diz que no transporte coletivo intermunicipal Cuiabá - Várzea Grande não é cobrada taxa alguma para direito de uso para explorar as sete linhas oferecidas.
Neste novo sistema de transporte coletivo intermunicipal Cuiabá – Várzea Grande foram entregues 82 ônibus zero quilômetro, sendo 50% destes com ar condicionado e suspensão a ar e 20% adaptados para pessoas com problemas físicos.
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