25 de abril de 2008

SUS X PARTOS

Gestantes denunciam restrições a cesarianas

Hospitais que atendem pacientes pelo Sistema Único de Saúde (SUS) não realizam mais partos cesarianos, a não ser em caso de urgência

VIVIANE PETROLI
Especial para o Jornal Circuito Mato Grosso

Durante oito meses de gestação Eveline Batista dos Santos Silva fez todo o seu pré-natal em hospital público e a partir daí mudou para um hospital particular, onde teve seu filho há nove meses.


Eveline conta que não queria fazer parto normal e o SUS não realiza mais estes tipos de partos, a não ser quando há urgência e complicações. Segundo ela, durante seu pré-natal feito em hospital público, passou pelas mãos de diversos estagiários e que os médicos só aparecem na hora do parto.

“Os estagiários atendiam em uma salinha pequena de exames, onde havia um entra e sai a todo o momento. No nono mês, finalmente, havia conseguido a carteirinha de saúde e fui para um hospital particular”, diz Eveline que teve problemas tanto no hospital público quanto no particular.

Eveline que pesava no início da gravidez 50 quilos chegou aos 70 por conta de problemas de inchaço, o qual a médica do hospital particular dizia ser normal, quando não era. “A médica não queria fazer cesariana, queria que eu tivesse meu filho de parto normal. Internou-me de manhã cedo de um sábado e passou o dia dando toques para saber se o bebê estava de cabeça pra baixo, quando foi meia noite de sábado para domingo, comecei a ter eclampsia e a médica decidiu aí fazer a cesariana”. Após o parto Eveline passou a ter que tomar remédio controlado para pressão alta e chegou a ter algumas infecções, enquanto o bebê, que ficou quatro dias na UTI por precaução, nasceu totalmente saudável.

Eveline conta que no mesmo hospital público em que fez seu pré-natal havia uma moça que apresentava problemas nos rins e não podia fazer parto normal, mas acabou, mesmo assim, tendo seu bebê de parto normal. “O SUS é um caso sério. Em hospitais públicos não pode ficar acompanhante com a gente”, diz Eveline que hoje procura evitar a gravidez novamente.

Planejamento familiar e filas de espera
De acordo com Lei nº 9.263, de 12 de janeiro de 1996, mulheres acima de 25 anos e que já tenham tido dois filhos, podem realizar a cirurgia chamada laqueadura para não ter mais filhos, assim como os homens podem se submeter à vasectomia.


Segundo Pedro Ernesto Pulcherio, a pessoa que deseja fazer laqueadura ou a vasectomia, pela rede pública, passa por um processo multiprofissional com ginecologista, urologista, assistente social e psicólogo. “Normalmente estes processos são feitos nas policlínicas e depois desta avaliação é encaminhado para os hospitais para a realização da vasectomia ou da laqueadura”.

Os hospitais que atendem pelo SUS e realizam as operações de vasectomia e laqueadura são: Hospital Geral Universitário (HGU), Hospital Júlio Muller, Hospital Santa Helena e Santa Casa. Já o Pronto Socorro de Cuiabá e o Hospital Bom Jesus realizam somente a laqueadura.

Pedro Ernesto conta que hoje existe uma procura significativa para as operações, o que acaba gerando uma pequena fila de espera nos hospitais que atendem pelo SUS. “Ainda são as mulheres que procuram mais, mas os homens estão começando a procurar por ser mais rápido o tempo de recuperação. Já vi homens procurarem para fazer vasectomia e nem filhos tinham”.


Tempo de recuperação
De acordo com o diretor de regulação de controle e avaliação da Secretaria Municipal de Saúde de Cuiabá, Pedro Ernesto Pulcherio, a vasectomia possui um processo de recuperação mais rápida que a laqueadura. O período de recuperação da vasectomia é de 24 a 48 horas, enquanto que a laqueadura demora um pouco mais por ser um processo cirúrgico, onde a mulher toma anestesia como se fosse em um parto.


Planos de saúde
A partir de abril, segundo Pedro Ernesto, os planos de saúde passam a cobrir cirurgias de laqueadura e vasectomia.


Riscos
Os riscos de se fazer uma laqueadura são os mesmos de qualquer outra cirurgia, como por exemplo uma infecção. Quanto à vasectomia os riscos são menores por ser apenas uma cirurgia milimétrica.


Com relação ao número de pessoas que realizaram estas cirurgias, o médico afirma que o percentual de pessoas que operaram e algum tempo depois tiveram filhos é muito pequeno. “É impossível saber como a natureza consegue driblar algo que fazemos”.

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