3 de novembro de 2008

ARTIGO

Um ritmo quase esquecido


VIVIANE PETROLI

Você já ouviu esta música “Milho torradinho socado, canela açucarada...” ou esta “Engenho novo estremecer... a canoa virou e tornou a revirar...”? Não? Uma vez? Escutou, mas há muito tempo? Sabe por que quase não escutamos estas músicas?


Atualmente, ouvimos muito nas rádios ritmos musicais totalmente diferente do que ouvíamos alguns anos atrás. Hoje escutamos nas emissoras de rádio ritmos como o axé, o funk, o pagode, o rock, o sertanejo (da cidade), o pop, o forró e muito, mais muito pouco da musical regional. As músicas, no início citadas, são alguns sucessos do rasqueado cuiabano.

O rasqueado cuiabano antigamente era um ritmo que tocava bastante nas rádios e também na televisão, mas conforme o cenário fonográfico foi crescendo o rasqueado foi ficando para trás.

Hoje, ainda vemos cantores como Henrique, Claudinho, Pescuma e João Eloy na mídia regional, mas muito pouco. O cantor João Eloy podemos ver com mais freqüência, aos sábados de manhã, apresentando seu programa Varanda Pantaneira na TV Rondon Canal 5 (filial da Rede TV), ou nas rádios Cultura de Cuiabá AM 710KHZ e Cuiabana FM 95,9.

Se perguntarmos hoje para as pessoas o que é o rasqueado, algumas responderão que não sabem o que quer dizer ou responderão algo que tem nada a ver.

O rasqueado quer dizer “arrastar as unhas ou um só polegar sobre as cordas, sem pontear”. Em Mato Grosso, o rasqueado cuiabano nos traz, em sua trajetória uma história que começou após o fim da Guerra do Paraguai, quando os prisioneiros ficavam confinados à margem do Rio Cuiabá. Após este conflito, os prisioneiros paraguaios não quiseram voltar ao seu país de origem, permanecendo então aqui e espalhando-se ao longo do Rio Cuiabá interagindo com a vida dos ribeirinhos.

Essa tradição que foi construída nas regiões ribeirinhas foi sendo transmitida de geração a geração e hoje podemos vê-la através das festas de Santos.

Será que algum dia veremos novamente na mídia, com força total, o que este ritmo histórico significa para os mato-grossenses?

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